O antigo Presidente do BES Angola, Álvaro Sobrinho, pede o arquivamento do processo em que está acusado de desviar 400 milhões de euros para benefício pessoal, prejudicando o BES em Portugal, por entender que o caso teve uma “duração excessiva”.

Na contestação apresentada em tribunal, a que a SIC teve acesso, o principal arguido do processo garante que está inocente e acusa os procuradores do Departamento Central de Investigação e Ação Penal de basearem a acusação em “erros e imprecisões”.

“A interpretação que o Ministério Público faz destas rubricas, pretendendo qualificá-las como meros ajustes contabilísticos ou como forma de ocultação do real ordenante das operações, revela um profundo desconhecimento da atividade bancária”, diz a defesa de Álvaro Sobrinho.

“O Ministério Público, ao longo de mais de 800 páginas, não apresentou uma única prova, ou indício, de que tal plano tenha sido elaborado, que os arguidos tenham nele participado e que o mesmo tenha sido concretizado.”

O antigo banqueiro nega as acusações de branqueamento de capitais, alegadamente cometido através da compra de apartamentos no Estoril, uma quinta no Douro e relógios de luxo.

“Não adquiriu ou ofereceu nada para lavar dinheiro sujo, fê-lo por razões de investimento.”

O ex-presidente do BES, Ricardo Salgado, e o ex-banqueiro angolano, Álvaro Sobrinho, começam a ser julgados a 29 de abril de 2025 no processo BES Angola e há sessões em tribunal marcadas até ao mês de julho.

Sobrinho é acusado de 18 crimes de abuso de confiança agravado (cinco dos quais em coautoria) e cinco de branqueamento. Já a Salgado são imputados cinco crimes de abuso de confiança e um de burla qualificada (todos em coautoria).

Também vão ser julgados outros três altos quadros do Banco Espírito Santo: os ex-administradores Morais Pires, Rui Silveira e Hélder Bataglia.