A ministra do Trabalho, Maria do Rosário Ramalho, acusou esta quinta-feira a provedora exonerada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa "de ter encontrado um cancro financeiro, mas que tratou com paracetamol", apontando que a situação financeira piorou com Ana Jorge.
Em entrevista na Edição da Noite, da SIC Notícias, a provedora exonerada da instituição revela que não se revê nas declarações da governante e acha que é incompreensível que esta defenda a anterior gestão.
"Ouvi as declarações da senhora ministra mas não me revejo nelas. É incompreensível que a senhora ministra defenda a anterior gestão da mesa", começou por dizer.
“Estancámos a saída de dinheiro da Santa Casa para o Brasil”
Sobre os negócios no Brasil, que considera ruinosos, Ana Jorge diz que a sua direção não interrompeu a atividade, "apenas estancou” a saída de capital para aquela atividade.
"Nós não interrompemos os negócios no Brasil. O que fizemos foi estancar a saída de dinheiro da Santa Casa para lá. Suspendemos a ida de dinheiro, não a atividade", afirmou.
“Tomámos medidas de contenção na Santa Casa”
Questionada sobre as declarações da ministra do Trabalho, que descreveu um gestão lenta e inadequada na Santa Casa, a provedora exonerada refere que não concorda com essas afirmações e lembra que um mês depois de entrar na instituição foram tomadas medidas de contenção de custos.
"Essa é a interpretação da ministra, não é a minha nem a da maior parte dos funcionários da Santa Casa. Não houve inação da gestão, antes pelo contrário. Ao fim de um mês de lá estarmos, tomámos medidas de contenção de custos", apontou.
"O objetivo passava por restruturar a casa por dentro", acrescentou.
"Não preciso de saber de Gestão para ser provedora"
Maria do Rosário Ramalho lembrou também o “percurso fora da Gestão” de Ana Jorge, que responde não ser necessário saber de Gestão para ser provedora, lembrando que nunca agiu em proveito próprio nos cargos que ocupou ao longo dos seus 50 anos de vida pública.
"A ministra acusou-me de não ser gestora, não sou formada em Gestão, sou médica, como se sabe. Fui presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo durante seis anos e saí porque quis sair. Fui ministra da Saúde, penso que também não correu mal. Na Santa Casa, não precisava de saber de gestão para ser provedora. Quem me conhece, ao longo dos meus 50 anos de vida pública, sabe que nunca agi proveito próprio" atira.
Processar o Estado? A resposta de Ana Jorge
Confrontada sobre a possibilidade de colocar o Estado em tribunal relativamente a este caso, Ana Jorge diz que "ainda não pensou no assunto", confidenciando que não gostou da exoneração que foi alvo por parte do novo Executivo.
Para finalizar, a provedora exonerada refere que uma comissão parlamentar de inquérito sobre este caso "será bem-vinda", e que a sua equipa está "disponível para que toda a verdade possa ser falada".