As alterações climáticas estão a abrandar a rotação da Terra e isso faz com que os dias fiquem mais longos. Podem ser uns milissegundos, mas revelam que "o impacto do ser humano no planeta é maior do que pensamos”, alertam os cientistas.
O aquecimento global está a derreter as massas de gelo da Gronelândia e da Antártida. E essa água das regiões polares está a fluir para os oceanos, sobretudo para a região equatorial. Esta mudança na distribuição das massas no planeta causa impacto na forma como a Terra gira - ligeiramente mais lenta, explica o co-autor do estudo Benedikt Soja, professor da ETH Zurique.
“Isto significa que está a ocorrer uma mudança na massa e que está a afetar a rotação da Terra”.
Um dia na Terra tem um total de 86.400 segundos.
Desde o ano 2000, a taxa de aumento da duração do dia causada pelas alterações climáticas tem sido de 1,33 milissegundos por século.
E, se as emissões de gases com efeito de estufa continuarem a aumentar significativamente, esta taxa poderá aumentar para 2,62 milissegundos por século até 2080 ou 2100.
As alterações climáticas superam a influência da Lua na Terra
Outra causa da desaceleração da rotação da Terra é o atrito das marés, que é desencadeado pela Lua, o que tem abrandado gradualmente a rotação da Terra ao longo de vários milhares de milhões de anos.
No entanto, o novo estudo conclui que o efeito das alterações climáticas poderá ultrapassar a influência da Lua.
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Embora essas mudanças possam parecer pequenas, elas têm “grandes implicações para a navegação terrestre e espacial”, por exemplo, para o envio de sinais para sondas distantes.
“O impacto do ser humano no planeta é maior do que pensamos”
Se os humanos continuarem a emitir mais gases com efeito de estufa e a Terra continuar a aquecer, isso acabará por ter uma enorme influência na velocidade de rotação da Terra.
“Nós, humanos, temos um impacto maior no nosso planeta do que imaginamos e isto naturalmente coloca sobre nós uma grande responsabilidade pelo futuro do nosso planeta”, conclui Benedikt Soja.
Apoiados pela agência espacial norte-americana NASA, os investigadores do ETH do grupo de Benedikt Soja publicaram dois estudos nas revistas Nature Geoscience e Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) sobre como as alterações climáticas afetam o movimento polar e a duração do dia.