A Defesa Civil da Faixa de Gaza anunciou esta terça-feira que pelo menos 14 pessoas morreram em vários ataques israelitas contra o território palestiniano.

"Pelo menos 14 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas esta madrugada, na sequência de vários ataques [israelitas] na Faixa de Gaza", disse o porta-voz da Defesa Civil, Mahmud Bassal.

Por seu lado, o exército israelita anunciou a morte de quatro soldados, abatidos no norte da Faixa de Gaza.

Estas baixas elevam para 376 o número de soldados israelitas mortos no território palestiniano desde o início da operação terrestre, em 27 de outubro de 2023.

Ministro da Defesa israelita afasta cessar-fogo com o Hezbollah sem capitulação

O ministro da Defesa israelita, Israel Katz, afastou um cessar-fogo com o Hezbollah no Líbano sem uma capitulação do movimento xiita, no mesmo dia em que o seu colega dos Negócios Estrangeiros, Gideon Saar, admitiu avanços nas negociações.

"Não haverá cessar-fogo e não haverá pausa nos ataques contra o Hezbollah", disse Katz, dirigindo-se, pela primeira vez desde que tomou posse, ao Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel (IDF).

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Gideon Saar
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Gideon Saar ABIR SULTAN

O novo titular da Defesa acrescentou que uma proposta de acordo de cessar-fogo "significando a capitulação do Hezbollah e cumprindo todas as condições" exigidas por Israel mereceria "muito seriamente" a consideração de Israel.

Este pronunciamento surgiu após o chefe da diplomacia de Israel admitir "alguns progressos" sobre um cessar-fogo no Líbano, onde o Exército israelita intensificou uma ofensiva militar contra o Hezbollah em setembro.

"Estamos a trabalhar neste assunto com os norte-americanos", afirmou, em conferência de imprensa, Gideon Saar, que assumiu na sexta-feira o cargo, em substituição de Katz, que, por sua vez, transitou para a Defesa.

Israel prevê a anexação total da Cisjordânia em 2025

O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, disse na segunda-feira durante uma reunião do Partido Sionista Religioso que tanto Gaza como a Cisjordânia serão "para sempre retiradas" aos palestinianos, na sequência da vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas.

"Estávamos a um passo de implementar a soberania sobre os colonatos na Judeia e Samaria (Cisjordânia), e agora chegou o momento de o fazer", disse Smotrich, que é também ministro-adjunto do Ministério da Defesa, responsável pelos assuntos civis na Cisjordânia ocupada, em declarações aos membros da coligação ultranacionalista, liderada pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

"Hoje, existe um amplo consenso na coligação e na oposição contra a criação de um Estado palestiniano que poria em perigo a existência do Estado de Israel", acrescentou, num discurso em que também qualificou os membros do movimento islamita palestiniano Hamas e de outras milícias pró-iranianas de "nazis", opondo-se também ao fim da guerra em Gaza.

O governante de extrema-direita regozijou-se com a vitória do republicano Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas, realizadas na semana passada.

O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich
O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich Amir Cohen

"Após anos em que, infelizmente, a atual administração [norte-americana] optou por interferir na democracia israelita e se recusou pessoalmente a cooperar comigo como ministro das Finanças de Israel, a vitória de Trump traz também uma oportunidade importante", disse Smotrich, acrescentando que "2025 é o ano da soberania na Judeia e Samaria".

No final de maio, o exército israelita entregou poderes legais significativos na Cisjordânia ocupada a funcionários dos colonos liderados por Smotrich, numa ação que vários especialistas jurídicos descreveram como uma anexação "de facto", já que o objetivo final passa pelo controlo direto dos territórios palestinianos pelo Governo israelita.

Smotrich afirmou também ter dado instruções à divisão de administração de colonatos do Ministério da Defesa e à administração civil do exército israelita na Cisjordânia para darem início à preparação das infraestruturas necessárias para ocupar a Cisjordânia.

Este ano já registou um recorde apropriação de terras palestinianas, após Israel declarar mais de 2.300 hectares na Cisjordânia ocupada como terras do Estado, um mecanismo que utiliza, juntamente com a designação de reservas naturais e áreas de treino militar, para expulsar mais palestinianos e controlar o território.

A organização não-governamental (ONG) israelita Peace Now, que se opõe aos colonatos israelitas na Cisjordânia, declarados ilegais pelo Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), condenou as declarações de Smotrich, afirmando que a anexação de territórios palestinianos "serve uma minoria messiânica e conduzirá ao desastre e à destruição, condenando Israel a um ciclo interminável de conflitos e guerras a que a maioria da população deseja pôr fim".

Israel tomou o controlo da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental na Guerra dos Seis Dias de 1967 e, desde então, tem mantido uma ocupação militar deste território palestiniano.

O Governo israelita, liderado por Benjamin Netanyahu, promove uma política de expansão dos colonatos através do Conselho de Colonização de Israel, que é apoiado pelo exército no terreno.

Com Lusa