A polícia da Turquia deteve esta quarta-feira o presidente da Câmara de Istambul, Ekrem Imamoglu, no âmbito de uma investigação judicial por alegada corrupção e "colaboração com grupos terroristas", em referência aos guerrilheiros curdos.

Um grande destacamento policial cercou no início da manhã a casa de Imamoglu e deteve o autarca, assim como vários colaboradores e funcionários municipais do mesmo partido, o Partido Popular Republicano (CHP, na sigla em turco).

A agência de notícias estatal Anadolu disse que o Ministério Público emitiu mandados de detenção para Imamoglu e para outras cerca de 100 pessoas.

"Centenas de polícias chegaram à minha porta. (...) A polícia invadiu a minha casa e derrubou minha porta", anunciou Imamoglu na rede social X.

"Estamos perante um ato de grande tirania, mas quero que saibam que não desistirei".

Acusado de estar "à frente de organização criminosa"

Um dos colaboradores do autarca disse à agência de notícias France-Presse que Imamoglu foi detido e levado para a esquadra da polícia.

De acordo com um comunicado de imprensa do gabinete do Ministério Público em Istambul, Imamoglu é acusado de estar "à frente de uma organização criminosa com fins lucrativos" como parte de uma investigação sobre corrupção.

O comunicado, citado pela imprensa local, menciona ainda acusações de "apoio ao PKK", o Partido dos Trabalhadores do Curdistão, considerado como um grupo terrorista pela Turquia.

As autoridades encerraram várias estradas em torno de Istambul e proibiram manifestações na cidade por quatro dias num aparente esforço para evitar protestos após a detenção do autarca.

"Uma tentativa de golpe contra o próximo presidente"

Imamoglu foi eleito pela primeira vez em 2019, pondo fim a um quarto de século de domínio dos islamitas na maior cidade da Turquia.

O social-democrata foi reeleito em março de 2024, tendo desde então sido apontado como o rival mais provável do chefe de Estado da Turquia, o islamita Recep Tayyip Erdogan, nas próximas presidenciais.

A Universidade de Istambul, uma instituição pública de ensino superior, anulou na terça-feira os diplomas de 28 pessoas, incluindo Imamoglu, com base nas conclusões de uma comissão de investigação interna sobre suposta "falsificação de documentos oficiais".

A decisão acrescenta mais um obstáculo adicional à possível candidatura de Imamoglu à presidência turca.

De acordo com a Constituição turca, os candidatos à presidência do país devem ter um diploma do ensino superior.

A detenção aconteceu dias antes do CHP realizar as primárias no domingo, onde Imamoglu deveria ser escolhido como candidato para as futuras eleições presidenciais, previstas para 2028.

O presidente do CHP, Ozgur Ozel, denunciou a detenção de Imamoglu como "uma tentativa de golpe contra o (...) próximo presidente".


- Com Lusa