A mensagem oficial deste ano, promovida pelo Departamento de Dança do Instituto Internacional do Teatro (ITI, na sigla em inglês), foi redigida pelo bailarino e coreógrafo, que destaca o papel da dança na "revelação da alegria, dor e fragilidade humanas".

"Especialmente agora - quando centenas de milhares de pessoas enfrentam a guerra, navegam em convulsões políticas e protestam contra a injustiça - a reflexão honesta é vital", advoga o artista, considerado um dos maiores bailarinos da dança clássica e moderna.

Para Baryshnikov, nascido em Riga, na Letónia, e a viver em Nova Iorque desde os anos 1970, esta arte "tem o poder de inspirar bondade, despertar empatia e fomentar a vontade de curar em vez de ferir, numa altura em que milhões enfrentam sofrimento e incerteza".

"É um fardo pesado para o corpo, para a dança, para a arte", afirma o artista com uma carreira de mais de 50 anos em dança, teatro, televisão e cinema, tendo trabalhado com coreógrafos e realizadores como George Balanchine e Jerome Robbins.

Ainda assim, insiste que a arte continua a ser a melhor forma de dar forma ao que não se pode dizer, desafiando todos, na mensagem, a refletir: "Onde está a minha verdade? Como é que me honro a mim próprio e à minha comunidade? A quem é que eu respondo?".

Após um início de carreira com o Kirov Ballet em Leninegrado, Baryshnikov mudou-se para o Ocidente em 1974 e foi bailarino principal do American Ballet Theatre (ABT), e em 1978, juntou-se ao New York City Ballet.

Em 1980, foi diretor artístico do ABT onde, durante a década seguinte, trabalhou com uma nova geração de bailarinos e coreógrafos, lançando, em 2005, a Baryshnikov Arts em Nova Iorque, um espaço criativo concebido para apoiar artistas multidisciplinares de todo o mundo.

Instituído pelo Conselho Internacional da Dança da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) em 1982, o Dia Mundial da Dança, que hoje se assinala, é celebrado anualmente para marcar o nascimento do bailarino e mestre de bailado Jean-Georges Noverre (1727-1810), considerado um dos pioneiros da dança moderna.

Em Portugal, o Dia Mundial da Dança é anualmente celebrado de norte a sul do país, em palcos de teatros ou na rua, nas plataformas digitais, por várias companhias e entidades culturais que organizam programações com espetáculos, oficinas, visitas a escolas, exibição de filmes sobre dança, e aulas de dança abertas.

Este ano, a Companhia Nacional de Bailado (CNB) escolheu a efeméride para iniciar um novo projeto -- "CNB em direto" - através da transmissão do espetáculo "Coppélia", interpretado ao vivo no palco do Teatro Camões, em Lisboa, para mais de 30 equipamentos culturais no país.

Numa mensagem do diretor da companhia deixada no ´site´da CNB para assinalar a data, Fernando Duarte sublinha que a entidade celebra a dança "como um ato profundo de liberdade, de criação e de proximidade entre artistas e fruidores desta singular expressão artística".

"No Dia Mundial da Dança celebramos a capacidade de uma arte que não cessa de nos espantar pela sua permanente evolução e por ser uma rede de diálogos entre outras artes e áreas do saber", salienta.

Contactada pela agência Lusa sobre o arranque do programa -- um dia após um apagão nacional que paralisou o país -- fonte da comunicação da CNB confirmou a transmissão em direto prevista para as 20:00 de hoje nos equipamentos envolvidos, de norte a sul do país e ilhas.

De acordo com a mesma fonte, a única iniciativa que foi adiada são as aulas do Programa de Desenvolvimento de Talento no Porto, mas tudo o resto se mantém, com a programação disponível para consulta em www.cnb.pt.

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