O Banco Central Europeu (BCE) decidiu, esta quinta-feira e como esperado, descer as taxas de juro. A dúvida era se descida 25 ou 50 pontos base, confirmando-se que optou por descer em 25 pontos base - igual à descida anterior.

As taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de depósito, às operações principais de refinanciamento e à facilidade permanente de cedência de liquidez serão reduzidas para, respetivamente, 3,00%, 3,15% e 3,40%.

A decisão "baseia-se na avaliação atualizada do Conselho do BCE das perspetivas de inflação, da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão da política monetária", segundo o comunicado publicado esta quinta-feira.

Apesar da restritividade das condições de financiamento estar a diminuir, com as recentes reduções das taxas de juro, o BCE salienta que "as condições de financiamento continuam a ser restritivas, porque a política monetária permanece restritiva e os anteriores aumentos das taxas de juro ainda estão a ser transmitidos ao stock de crédito em dívida".

Quanto ao caminho futuro, o BCE diz estar "determinado a assegurar que a inflação estabiliza, de forma sustentada, no seu objetivo de médio prazo de 2%", sendo que vai continuar a seguir uma abordagem dependente dos dados e reunião a reunião para decidir a orientação apropriada da política monetária.

Saliente-se que esta é a quarta descida consecutiva desde junho e concretiza-se depois de um período de forte aperto monetário entre 2022 e 2023 para conter a inflação.

Missão não está cumprida, diz Lagarde

Na conferência de imprensa para explicar a decisão, a presidente do BCE assumiu que "ainda não está a missão cumprida, mas a inflação está no caminho para atingir a meta de 2% no médio prazo", o que deu confiança para reduzir os juros.

Na discussão, revelou Christine Largarde, os membros do conselho chegaram mesmo a discutir um corte de 50 pontos base, mas decidiram que seria de 25 pontos, tendo em conta nomeadamente a evolução dos salários, lucros e produtividade, que "estão num bom caminho".

"Muito já foi feito, já cortámos juros quatro vezes, num total de 100 pontos base, estamos num ambiente completamente diferente", destacou Lagarde.

Questionada sobre a possibilidade de Donald Trump avançar com tarifas mais altas, quando tomar posse enquanto Presidente dos Estados Unidos, Lagarde reiterou que "restrições comerciais e medidas protecionistas não levam a crescimento e têm um impacto incerto na inflação".

Descida em tempos de incerteza europeia e mundial

A reunião desta quinta-feira da instituição liderada por Christine Lagarde realizou-se numa contexto de turbulência política nas principais economias da zona euro.

A Alemanha poderá enfrentar eleições antecipadas em fevereiro, após o colapso da coligação liderada pelo chanceler social-democrata, Olaf Scholz. E em França, o Governo liderado por Michel Barnier caiu na semana passada, quando foi aprovada no Parlamento uma moção de censura.

Por outro lado, o regresso de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos e as suas ameaças de novas taxas alfandegárias também suscita preocupação.

Neste contexto, o BCE divulgou também projeções económicas, que apontam para uma inflação de 2,4% em 2024, 2,1% em 2025, 1,9% em 2026 e 2,1% em 2027. Já para a economia da zona euro, o crescimento foi revisto em baixa para 0,7% em 2024, 1,1% em 2025, 1,4% em 2026 e 1,3% em 2027.

[Notícia atualizada às 14:45]