O Presidente norte-americano, Joe Biden, o mais velho na história do país, surpreendeu toda a gente no domingo quando anunciu que iria desistir da corrida às eleições presidenciais de novembro, justificando que a sua saída era do interesse do Partido Democrata e do país.

No comunicado onde anunciou a sua decisão, Biden não referiu quem apoiava para o substituir, no entanto acabou por fazê-lo depois numa outra publicação.

“(…) a minha primeira decisão como candidato do partido em 2020 foi escolher Kamala Harris como minha vice-presidente. E foi a melhor decisão que tomei. Hoje quero oferecer todo o meu apoio para que Kamala seja a escolhida pelo nosso partido. Democratas – é hora de nos unirmos e derrotar Trump".

Contudo, apesar deste apoio público, o futuro ainda não é certo e nomear um novo candidato tão perto das eleições é um caminho pouco explorado, uma vez que nunca aconteceu.

De acordo com a BBC, a última vez que um presidente dos EUA em exercício abandonou a sua campanha pela reeleição foi Lyndon Baines Johnson em 1968 e antes dele apenas Harry S. Truman, em 1952, tinha tomado a mesma decisão.

Mas, ambos tomaram essa decisão com alguma antecedência, dando tempo ao partido para escolher um novo candidato com tempo. O que não aconteceu desta vez, uma vez que a desistência de Joe Biden, acontece a menos de um mês da convenção dos Democratas, que tem data marcada para 19 a 22 de agosto.

(Apesar do apoio de Biden) Kamala Harris pode não ser a escolhida

O apoio de Biden a Kamala pode vir a ter algum tipo de influência na decisão de quem será o novo candidato pelo Partido Democrata nas eleições presidenciais.

No entanto, os 3.896 delegados que Biden já tinha conquistado nas primárias, no início do ano, não poderão ser transferidos para outro candidato, o que pode vir a dificultar a que a vice-presidente dos Estados Unidos seja a escolhida para candidata pelo Partido Democrata, até porque para isso teria também de haver consenso dentro do partido.

À primeira vista, Harris será uma melhor candidata do que Biden, tendo em conta a queda contínua do Presidente nas sondagens das últimas semanas. Porém, apesar de Harris já ter anunciado que realmente se tenciona candidatar, o certo é que nem todos dentro do partido estão convencidos que seja uma boa ideia Harris ser a sucessora de Biden.

Convenção aberta a outros candidatos ainda não está excluída

E caso não haja consenso dentro do partido para a escolha de Kamala Harris para sucessora de Biden, poderá ter de haver uma convenção aberta, a primeira desde 1968.

Nessa convenção, os delegados terão a liberdade de decidir em quem votar entre vários candidatos.

Para já, alguns dos que são vistos como potenciais candidatos são a governadora do Michigan, Gretchen Whitmer, o governador de Illinois, J.B. Pritzker, Gavin Newsom, que governa a Califórnia há cinco anos, Josh Shapiro, governador da Pensilvânia, Cory Booker, senador pelo estado de Nova Jersey e Andy Beshear do Kentucky.

Além desses, os nomes da senadora Amy Klobuchar e do secretário de Transportes, Pete Buttigieg, ambos ex-candidatos presidenciais em 2020 também estão a ser apontados como possíveis candidatos.

Apoio a Kamala tem sido notado

Em menos de um dia, a vice-presidente dos Estados Unidos, já angariou 49,6 milhões de dólares para a sua campanha presidencial, disse um porta-voz da campanha de Biden esta segunda-feira.

“Desde que o presidente apoiou a vice-presidente Harris ontem à tarde, os americanos comuns deram 49,6 milhões de dólares em doações de base para a sua campanha”, disse o porta-voz.

Quem também já veio a público manifestar o apoio a Kamala foi o casal Clinton. Num comunicado conjunto, partilhado na conta na rede social X de Bill Clinton, lê-se que “têm a honra de se juntar ao apelo do Presidente" e que "farão tudo o que estiver ao seu alcance para apoiar a vice-Presidente [Kamala Harris]”.

Maioria dos democratas acredita que Kamala seria uma boa Presidente

Uma sondagem recente do Centro AP-NORC de Investigação de Assuntos Públicos, divulgada esta semana, indicava que cerca de seis em cada dez democratas acreditam que Kamala Harris faria um bom trabalho como Presidente dos Estados Unidos.

Os adultos negros -- um contingente chave da coligação democrata e um grupo mais favorável a Biden do que a outros candidatos -- são mais propensos do que os norte-americanos em geral a dizer que Harris se sairia bem como Presidente.

Quanto aos norte-americanos em geral, esses são mais céticos em relação à prestação de Harris. Apenas cerca de três em cada 10 adultos norte-americanos dizem que Harris se sairia bem como chefe de Estado, contra cerca de metade que diz que não faria um bom trabalho.

A sondagem também demonstrou que cerca de quatro em cada 10 cidadãos adultos têm uma opinião favorável sobre Harris, enquanto cerca de metade tem uma opinião desfavorável.

Harris é mais popular entre os negros norte-americanos do que entre os adultos brancos ou hispânicos. É mais rejeitada pelos homens do que pelas mulheres.