A terceira segunda-feira de janeiro é conhecida como 'Blue Monday' (segunda-feira triste, em inglês), por ser, supostamente, “o dia mais triste do ano”. O termo foi criado em 2004 pelo psicólogo Cliff Arnall e desde então é assinalado em todo o mundo. Mas haverá mesmo uma justificação científica ou não passa apenas de uma estratégia de marketing?
Por detrás dos motivos que levam as pessoas a estarem mais deprimidas neste dia está o frio, o mau tempo e os dias curtos de inverno, os gastos referentes ao período do Natal e Ano Novo, a falta de motivação ou a distância até ao pagamento do próximo salário.
Existe mesmo um dia mais triste do ano?
No entanto, em entrevista à BBC, um professor de psicologia na Universidade de Derby, no Reino Unido, alerta para o facto do conceito de Blue Monday não estar cientificamente comprovado.
"Não há nem mesmo provas de que janeiro tenha registado um aumento de casos referentes a problemas de saúde mental, embora possa parecer.", garante Dr. Philip Clarke.
Por outro lado, o académico considera que a Blue Monday está a levar as pessoas a falarem mais sobre saúde mental e procurarem saber como podem combater a ansiedade ou a depressão.
Para isso, o Dr. Philip Clarke recomenda a prática de exercício físico, uma avaliação das resoluções de Ano Novo para se perceber o porquê delas terem falhado ou até mesmo fazer voluntariado.
Apesar de ter sido o criador, na altura desta entrevista, Cliff Arnall negava a teoria da Blue Monday, afirmando que os cálculos são pseudociência. O psicólogo chegou mesmo a apelar aos britânicos que “refutem todo o conceito”.
Há precisamente 10 anos, o neurocientista Dean Burnett escrevia, num artigo do jornal The Guardian, que estas equações eram “uma farsa”.
“ Mesmo que a maioria destas medidas não fossem absurdas (como é que determinamos a motivação de toda a população?), elas não são compatíveis. Como é que combina quantitativamente ‘o tempo após o Natal’ com a ‘meteorologia’? Não é possível ”, afirmou.
Como nasceu o conceito de 'Blue Monday'?
O especialista tinha sido desafiado por uma agência de viagens – a Sky Travel – a encontrar o melhor dia para as pessoas marcarem as férias de verão. O objetivo seria lançar uma promoção nesse dia e alcançar o valor mais alto de vendas. Perante as conclusões do psicólogo, a empresa acabou por utilizar o termo “Blue January” (janeiro triste, em inglês) na campanha publicitária.
Os "cálculos" de Cliff Arnall tiveram origem em dados recolhidos pelo psicólogo, como explicou numa entrevista ao The Daily Telegraph publicada em 2010.
“Inicialmente pediram-me para pensar qual o melhor dia para marcar férias de verão, mas quando comecei a pensar nos motivos para marcar férias, refletindo sobre o que milhares de pessoas me disseram durante os workshops de gestão stress e de felicidade, havia fatores que apontavam para a terceira segunda-feira de janeiro como sendo particularmente depressiva.”
Além do “dia mais triste do ano”, Cliff Arnal calculou também "o dia mais feliz" - a terceira sexta-feira de junho. Segundo Cliff Arnall, o “cálculo” tem como base as variantes interação social, memórias infantis das férias de verão, possibilidade de sair de casa, o bom tempo e excitação pelas férias.