A líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, prestou esta quarta-feira homenagem ao pai, Jean-Marie Le Pen, que morreu na terça-feira aos 96 anos, afirmando que "muitas pessoas que o amam estão a chorá-lo aqui em baixo".

"Uma idade venerável levou o guerreiro, mas devolveu-nos o nosso pai", disse Marine Le Pen na rede social X , aludindo à relação complicada que mantinha com Jean-Marie Le Pen, a quem sucedeu na liderança do partido de extrema-direita Frente Nacional (criado em 1972), atual União Nacional (RN, sigla em francês).

Na sua despedida, Marine Le Pen recorre a uma fórmula de marinheiro: "Bom vento, bom mar, papá!", numa aparente alusão às origens de Jean-Marie Le Pen, cujo pai era pescador e morreu no mar quando este tinha 14 anos.

Esta foi a primeira reação à morte do pai por parte da líder do RN, que soube da morte do pai pela imprensa durante uma escala do seu avião em Nairobi, na terça-feira, quando regressava a Paris vinda do arquipélago francês de Mayotte, no Oceano Índico.

As relações entre ambos deterioram-se fortemente ao longo dos anos, depois de Marine Le Pen se ter tornado líder da FN em 2011, partido co-fundado e liderado pelo pai durante 39 anos.

No entanto, os laços familiares foram renovados em junho de 2018, por ocasião do 90.º aniversário do patriarca.

O último adeus ao "Menir"

Jean-Marie Le Pen, controverso e obcecado pela imigração e pelos judeus, gostava de ser apelidado de "o Menir", tendo tirado a extrema-direita francesa da marginalidade.

O candidato às eleições presidenciais de 2002 morreu na terça-feira num centro de saúde em Garches, nos arredores de Paris, onde estava hospitalizado há semanas, segundo a sua família.

O funeral de Jean-Marie Le Pen terá lugar no sábado, na sua cidade natal de La Trinité-sur-Mer, no oeste de França onde nasceu, de acordo com um anúncio do vice-presidente do RN, Louis Aliot.

Charles Platiau

Louis Aliot afirmou esperar um funeral num ambiente propício à meditação, apesar das manifestações de opositores em várias cidades, na noite de terça-feira, para assinalar a morte do antigo líder histórico da extrema-direita.

O anúncio da sua morte gerou muitas reações políticas e algumas manifestações de alegria que reuniram cerca de um milhar de pessoas na Place de la République em Paris e várias centenas noutras cidades francesas como Lyon, onde no final da manifestação se registaram confrontos com as forças da ordem e sete detenções.