O leilão foi organizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o Governo brasileiro garantiu que o arroz será vendido ao consumidor final pelo valor máximo de quatro reais o quilo (0,7 euros).

As autoridades não divulgaram o valor da compra, nem o vendedor, do cereal, num leilão onde se pretendia adquirir 300 mil toneladas.

O leilão acabou por ser realizado hoje e aprovado pelo presidente do Tribunal Regional Federal, após uma liminar da Justiça Federal em Porto Alegre que suspendeu o processo de compra de um dos alimentais mais consumidos na dieta brasileira, na sequência das críticas feitas pela Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul, que é contra o leilão.

"O Brasil é um grande produtor de arroz, a área aumentou aqui no Rio Grande do Sul, assim como em outros Estados produtores. Então não existe motivo algum para nós termos qualquer alerta com relação a problemas de abastecimento com relação ao arroz", criticou o presidente daquela federação, Alexandre Velho.

De acordo com o Governo brasileiro, O arroz será entregue a regiões metropolitanas definidas pelas autoridades, "levando em conta indicadores de insegurança alimentar, até ao dia 08 de setembro".

"A Conab está autorizada a comprar 1 milhão de toneladas por meio de leilões, de acordo com a necessidade da população brasileira", frisou o Governo brasileiro.

O Presidente brasileiro, Lula da Silva, visitou hoje algumas das áreas devastadas pelas inundações no estado do Rio de Grande do Sul, que continua em situação precária cinco semanas depois das fortes chuvas.

Lula da Silva alertou contra a burocracia, que impede uma ajuda mais rápida perante "um aviso da natureza" e "a violência das alterações climáticas", que neste estado já provocou a morte a 172 pessoas e uma enorme destruição desde o início de maio.

O Presidente brasileiro deslocou-se ao sul do país pela quarta vez desde o início das chuvas e visitou Cruzeiro do Sul, uma das cidades mais atingidas pelo fenómeno, onde metade dos seus 13 mil habitantes ainda não conseguiu regressar às suas casas.

No bairro Passo de Estrela, muitos nunca mais poderão voltar, pois 600 das 850 casas da região foram completamente destruídas pelas enchentes.

"A reconstrução será feita de forma responsável" e as novas casas serão construídas em zonas afastadas dos rios que transbordaram e agravaram a catástrofe, afirmou.

"A natureza deu um aviso e temos de reconstruir, mas em zonas mais seguras, para que este acontecimento não se repita", acrescentou.

O Governo já reservou cerca de 70 mil milhões de reais (12,28 mil milhões de euros) para lidar com a emergência, incluindo ajuda direta, créditos e outras formas de assistência financeira.

De acordo com os últimos dados oficiais, as tempestades causaram pelo menos 172 mortos e 41 desaparecidos e afetaram 80% dos municípios do estado do Rio Grande do Sul.

Até quinta-feira, um total de 572.780 pessoas foram retiradas das suas casas, das quais 30.442 permaneciam em abrigos montados pelas autoridades.

MIM // MLL

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