
"Em pouco mais de um ano empenhámos 85% do orçamento (de 3,3 mil milhões de euros) da Iniciativa de Microprocessadores para a Europa. Esta iniciativa deixou bases fortes para a consolidação da Europa no mercado global dos semicondutores", disse um porta-voz do executivo comunitário.
O porta-voz da Comissão Europeia acrescentou que está a ser feita uma coordenação estreita com os Estados-membros para uma "implementação eficaz e harmonizada" e para "melhorar a cadeia de abastecimento de semicondutores" nos países da União Europeia (UE).
"A Iniciativa dos Microprocessadores já catalisou mais de 80 mil milhões de euros em investimentos na capacidade de fabrico de microprocessadores, contribuindo, deste modo para aumentar a percentagem da UE no mercado", sustentou.
Foi hoje anunciado que o Tribunal de Contas Europeu (TCE) concluiu que a UE está longe de alcançar o objetivo de aumentar a produção de microprocessadores que impulsionem as ambições digitais do bloco comunitário.
De acordo com uma auditoria feita pelo TCE à estratégia do bloco comunitário para aumentar o investimento nesta tecnologia e fabricá-la, o tribunal reconhece que "é impossível conseguir uma autonomia total na produção", por causa da "grande complexidade e globalização da cadeia de valor".
No entanto, no que diz respeito à estratégia da Comissão Europeia para diminuir a dependência que os 27 países da UE têm de nações terceiras, "está a avançar", mas "é demasiado lenta" e possivelmente vai falhar o objetivo de atingir pelo menos 20% da produção estabelecido para a chamada "Década Digital".
"O tribunal examinou os progressos realizados na execução e no cumprimento dos prazos das ações definidas no âmbito de cada pilar do pacote estratégico, analisando se estas ações estavam a ser realizadas de forma atempada e coordenada, a fim de permitir alcançar os objetivos da estratégia", dá conta o TCE na auditoria divulgada na tarde de hoje.
O Tribunal de Contas Europeu concluiu que é "pouco provável que o pacote estratégico seja suficiente para estimular o nível de investimento necessário".
Por seu turno, os objetivos estão dependentes "da concorrência mundial e de outros fatores cruciais".
"O tribunal examinou se os investimentos previstos e o financiamento disponível da UE eram suficientes para permitir que a UE atinja o objetivo de aumentar a sua quota de mercado", explicita a auditoria.
Em simultâneo, o TCE "analisou outros aspetos que influenciam a competitividade das empresas da UE no setor dos circuitos integrados, ou seja, as estratégias de apoio à produção de circuitos integrados aplicadas por outras economias mundiais e ainda outros elementos cruciais".
A ambição era "mobilizar, pelo menos, 86 mil milhões de euros durante o período de 2022-2030", mas o TCE concluiu que "é pouco provável que os investimentos a impulsionar pelo pacote estratégico correspondam à escala da indústria".
Esta estratégia da Comissão Europeia, advertiu o tribunal, está a competir com outras medidas mundiais, pelo que não é o único incentivo à produção.
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