O antigo Presidente da República Aníbal Cavaco Silva destacou hoje a "enorme coragem" inerente à mensagem do Papa Francisco contra a marginalização dos imigrantes e o abandono dos doentes e idosos, realçando a sua afabilidade e naturalidade.

"Foi com profundo pesar que tomei conhecimento da morte do Papa Francisco. Tive a honra de, com a minha mulher, representar Portugal na missa de início do seu pontificado, em março de 2013", escreveu o antigo primeiro-ministro de Portugal (1985/1995) e antigo chefe de Estado (2006/2016).

Na sua nota, Aníbal Cavaco Silva afirma que lhe surpreendeu logo em Francisco "a sua naturalidade e afabilidade, diferente da dos dois papas que antes conhecera". Nesse encontro, o antigo primeiro-ministro português conta que felicitou o Papa pela eleição e convidou-o para visitar Portugal para o centenário das aparições de Fátima.

"Ao longo dos seus 12 anos de pontificado, o Papa Francisco surpreendeu-nos com palavras fortes e imagens desconcertantes que desafiaram convenções e acomodações. A mensagem de enorme humanidade do Papa Bergoglio foi-nos alertando para a forma como lidamos com os mais desfavorecidos da sociedade, sempre no centro das suas preocupações, e para a forma como lidamos com o Mundo, que devemos preservar da destruição", sustenta Cavaco Silva.

Para o antigo Presidente da República, "num tempo tão propício ao abandono dos idosos e dos doentes e à marginalização dos imigrantes, a mensagem de Francisco foi de enorme coragem e fundamental para despertar consciências".

"A interpelação do Papa Francisco à benevolência e compaixão e uma Igreja mais atenta às periferias geográficas e sociais serão o seu grande legado para várias gerações de católicos que, nesta segunda-feira de Páscoa, estão de luto pela morte de um grande Papa", acrescenta no seu texto.

O Papa Francisco morreu hoje aos 88 anos, após 12 anos de um pontificado marcado pelo combate aos abusos sexuais, guerras e uma pandemia.

Nascido em Buenos Aires, a 17 de dezembro de 1936, Francisco foi o primeiro jesuíta a chegar à liderança da Igreja Católica.

O papa Francisco esteve internado durante 38 dias devido a uma pneumonia bilateral, tendo tido alta em 23 de março. A sua última aparição pública foi no domingo de Páscoa, no Vaticano, na véspera de morrer.