Num discurso num almoço com membros de organizações representativas dos trabalhadores (ORT), na Baixa da Banheira, no distrito de Setúbal, João Oliveira defendeu que a CDU é a única força que concorre às eleições europeias que defende a valorização do trabalho e dos trabalhadores.

"Os trabalhadores e os seus direitos, na candidatura da CDU, não são verbo de encher nem flor na lapela para enfeitar em dia de festa. Os trabalhadores e os seus direitos são verdadeiramente um aspeto central das nossas preocupações", afirmou.

João Oliveira acusou PS, PSD, CDS, Chega e Iniciativa Liberal de serem os "partidos do consenso neoliberal", e criticou os "mitos e falsidades" que utilizam para recusar o aumento dos salários, designadamente no que se refere à ideia de que é preciso haver um aumento da produtividade.

"Não tentem enganar quem não se deixa enganar por essas patranhas velhas com que tentam justificar a política de favorecimento dos grandes interesses económicos e financeiros contra os interesses de quem trabalha", disse.

O cabeça de lista defendeu que, na União Europeia (UE), se está tentar liquidar "os direitos laborais e sociais conquistados ao longo de séculos pelos povos da Europa", disfarçando essa liquidação através de mecanismos como o Pilar Europeu dos Direitos Sociais ou a diretiva dos salários mínimos.

Neste ponto, o candidato criticou o BE, sem nunca o nomear diretamente, aludindo ao facto de os seus dois eurodeputados terem votado favoravelmente essa diretiva relativa aos salários mínimos, em setembro de 2022.

"Sublinho: votos contra, dos deputados portugueses no Parlamento Europeu, apenas dos eleitos pela CDU porque, também na hora em que é mais apertada a curva, e em que é preciso ter a noção mais clara de onde é que fica a defesa dos direitos dos trabalhadores, onde é que vai a lengalenga do ataque a esses direitos, também há quem lhes falte a força nas pernas e se vá deixando ficar pelo caminho", acusou.

O candidato salientou que, na votação dessa diretiva, houve quem, "à direita e à esquerda, ficasse pelo caminho" e a aprovasse, ironizando que "é tão boa, tão boa para os trabalhadores portugueses, que as confederações patronais vieram logo aplaudi-la".

"Se ela fosse efetivamente boa para os trabalhadores, as confederações patronais não tinham tomado a posição que tomaram: aquela diretiva é um instrumento de nivelamento por baixo dos salários mínimos, que não serve aos trabalhadores da Europa nem de Portugal, onde o salário mínimo está muito aquém do que é preciso", disse.

Neste comício, a CDU anunciou que 2.031 membros de ORT manifestaram o seu apoio à coligação nestas europeias, o que João Oliveira elogiou, considerando que "é um motivo de orgulho" e a expressão da confiança que os trabalhadores têm na coligação.

Antes da intervenção de João Oliveira, o secretário-geral da CGTP, Tiago Oliveira, também tomou a palavra para apelar ao voto da CDU, para criticar o "rumo de desinvestimento e desmantelamento do tecido produtivo" nacional que considerou ser imposto UE e a sua "política de desvalorização dos trabalhadores".

"Este projeto da CDU é diferente dos outros, porque não podemos estar com um pé do lado do capital e com o outro do lado de quem trabalha. (...) É por isso que homens e mulheres, representantes dos trabalhadores, estamos aqui hoje a dar o apoio à CDU", disse.

Este comício contou, no início, com um pequeno concerto de Luísa Basto, cantora que interpretou a célebre música "Avante", e que disse a João Oliveira que foi votar antecipadamente.

"Dois pelo menos já lá estão, e espero que estejam lá muitos mais", disse, apelando ao voto na CDU porque "isto não pode continuar assim".

TA // ACL

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