O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, estará disponível para discutir um possível cessar-fogo na guerra contra a Ucrânia com o recém-eleito Donald Trump, mas terá condições para aceitar o acordo.

A informação é avançada esta quarta-feira pela agência Reuters, que falou com cinco fontes do Kremlin, que preferem manter-se no anonimato.

Durante a campanha, o Presidente eleito dos Estados Unidos da América, Donald Trump, prometeu várias vezes que, se voltasse à Casa Branca, iria conseguir um acordo para acabar com a guerra na Ucrânia.

As fontes garantem que Putin está disposto a discutir o cessar-fogo, mas adiantam que o Presidente russo não fará “grandes” concessões territoriais e que continuará a exigir que Kiev abandone as ambições de se juntar à NATO.

Segundo três das fontes da Reuters, poderá haver margem para negociações sobre as divisões territoriais das regiões de Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson.

Apesar de Moscovo considerar as quatro regiões como parte da Rússia, as forças russas só controlam cerca de 70% daquele território. Os restantes 26 mil quilómetros quadrados ainda estão sob controlo das tropas ucranianas.

A Rússia também estará disponível para se retirar das relativamente pequenas partes de território que controla nas regiões de Kharkiv e Mykolaiv, garantem duas das fontes.

EUA autorizam mísseis e enviam minas, Putin responde com ameaça de armas nucleares

No início do mês, Putin defendeu que um possível cessar-fogo deveria refletir-se no terreno, e afirmou que uma trégua de curta duração só iria servir para o Ocidente enviar mais armas para a Ucrânia.

Duas das fontes adiantaram que a decisão do Presidente Joe Biden, que autorizou a Ucrânia a usar mísseis norte-americanos contra território russo, podia vir a complicar e a atrasar qualquer acordo – e endurecer as exigências de Moscovo.

“Putin já disse que ‘congelar’ o conflito não vai resultar”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, horas antes da Ucrânia usar os mísseis ATACMS contra a Rússia. “E a autorização dos mísseis é uma escalada muito perigosa da parte dos Estados Unidos.”

Naquela que pode ser considerada uma resposta à autorização de Biden, o Presidente russo assinou um decreto que autoriza o uso alargado de armas nucleares. A nova política prevê a utilização de armas nucleares em caso de ataque com mísseis convencionais, drones ou outro tipo de armamento de longo alcance apoiado por uma potência nuclear.

Esta quarta-feira, uma fonte do governo norte-americano avançou que os Estados Unidos vão fornecer minas antipessoais à Ucrânia. O Kremlin reagiu de imediato, acusando os EUA de quererem prolongar a guerra ao intensificarem o envio de armas a Kiev.

Após as eleições nos EUA, o jornal The Washigton Post avançou que Trump tinha aconselhado Putin a não escalar a guerra na Ucrânia. O conselho terá sido feito durante uma conversa telefónica, na qual o recém-eleito Presidente terá lembrado o líder russo da considerável presença militar norte-americana na Europa.

No dia seguinte, o Kremlin negou que essa conversa tenha existido. "Isto não corresponde de todo à realidade, é uma pura invenção, é simplesmente uma informação falsa", disse Dmitry Peskov aos jornalistas.

As exigências da Ucrânia e da Rússia

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que a Ucrânia não ia descansar até expulsar todos os soldados russos do território, baseando-se nas fronteiras conquistadas após a queda da União Soviética em 1991, o que inclui a Crimeia – anexada em 2014.

Este será um plano demasiado ambicioso, como disseram vários generais norte-americanos.

Em junho, Putin anunciou as suas principais exigências para o fim imediato da guerra: a Ucrânia deve abandonar as suas ambições de se juntar à NATO e ceder o controlo de Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson.