A China acusou hoje Taiwan de "servilismo", depois de o líder taiwanês, William Lai, ter proposto a Washington encetar negociações comerciais com base em "tarifas zero", segundo o modelo do tratado México -- Estados Unidos - Canadá.

"As autoridades de Taiwan estão a ignorar os interesses do povo e as perspetivas de desenvolvimento industrial, ao proporem um plano global de aquisições e investimentos" para apaziguar os Estados Unidos, declarou a porta-voz do Governo chinês, Zhu Fenglian, em conferência de imprensa.

"Isto não é mais do que dar a outra face e adotar uma atitude servil. E tanto a venda a Taiwan como o servilismo são atos profundamente desprezíveis", afirmou.

Segundo a porta-voz, na sua "busca por independência", Lai "tem vendido ativamente as principais indústrias vantajosas de Taiwan, apenas para ser confrontado com a imposição de tarifas pelos Estados Unidos".

"Isto desmente o conceito que inventaram sobre a ilusória 'relação EUA-Taiwan'. [Washington] transformou Taiwan num 'peão' e numa 'peça a ser descartada'", acrescentou.

Lai propôs recentemente entrar em negociações com os Estados Unidos com base na premissa de "tarifas zero", numa tentativa de manter boas relações com Washington face à pressão de Pequim, que reivindica a soberania sobre a ilha.

"Embora Taiwan já mantenha taxas alfandegárias baixas, com uma taxa nominal média de 6%, estamos dispostos a reduzi-las ainda mais para zero, com base na reciprocidade com os Estados Unidos", afirmou Lai, num recente artigo de opinião publicado pela agência Bloomberg.

Lai sublinhou que Taipé "procurará reduzir o desequilíbrio comercial" com Washington através da aquisição de energia, produtos agrícolas, bens industriais e armamento, ao mesmo tempo que assinalou a intenção de aumentar o investimento nos EUA e "eliminar as barreiras comerciais não pautais".

Se estas linhas de negociação falharem e o governo de Donald Trump impuser taxas sobre os semicondutores ou reativar as chamadas "tarifas recíprocas", que no caso de Taiwan ascendem a 32%, o impacto na economia taiwanesa será considerável: o governo de Taiwan já admitiu que seria difícil crescer acima dos 3% este ano se este cenário se concretizar.