Em entrevista à Lusa, o empresário chinês, que lidera um grupo de privados com negócios em vários países africanos, admitiu que a pandemia tem trazido quebras, ainda por contabilizar, e falou sobre a reorganização em curso numa altura em que o mega-centro comercial se expande para a terceira fase.

Jack Huang, que tem investimentos em países como África do Sul, Namíbia e Botsuana, decidiu apostar em Angola "porque não havia aqui uma Cidade da China".

A faturação da Cidade da China é proveniente do arrendamento dos lojistas e a covid-19, com o abrandamento da atividade decorrente da situação de calamidade em que Angola se encontra, depois de um período de estado de emergência, trouxe dificuldades adicionais a um país afetado por uma crise económica profunda.

Jack Huang reconheceu os problemas, mas sublinhou que a administração tudo tem feito para apoiar os comerciantes, oferecendo inclusivamente um mês de renda gratuito.

No entanto, nem todos conseguem ultrapassar o mau momento económico. Há quem tenha rendas atrasadas, enquanto outros acabaram mesmo por encerrar as portas.

Mais de 40 lojistas pediram para sair, estimou Jack Huang.

Mas há também quem queira vir instalar-se na Cidade da China "porque tem um ambiente melhor", tendo sido recebidos desde abril mais de 30 pedidos para entrar, dos quais alguns já em fase de instalação.

O complexo comercial, que conta com mais de 300 lojas grossistas e retalhistas de diferentes áreas de negócio, do vestuário aos materiais de construção, além de habitação e um hotel, ocupa 350 mil metros quadrados, com uma área construída de 260 mil metros quadrados.

Começou a ser implementado em 2014 e em abril de 2016 entrou em funcionamento, tendo sido desenvolvido em várias fases. A primeira e a segunda fases incluíram uma área comercial de 115 mil metros quadrados, uma área habitacional de 18 mil metros quadrados e mais 10 mil metros quadrados de escritórios.

A terceira fase, com uma área de 120 mil metros quadrados, incluindo comércio, indústria, armazenagem e logística, iniciou a sua operação em 2020 e está ainda a ser construída.

Na semana passada, Angola registou os dois primeiros casos de infeção em cidadãos chineses, dois comerciantes da Cidade da China que foram colocados em quarentena. As autoridades sanitárias encerraram o complexo, que ficou sob cerca sanitária entre quinta-feira e sábado, enquanto se procedia à testagem massiva de lojistas e funcionários, envolvendo quase 1.800 pessoas, além da limpeza e desinfeção das lojas, salientou Jack Huang.

Uma situação que "deixou medo" nos comerciantes e seus clientes, diz o presidente da Cidade da China, salientando, no entanto, que estão a ser seguidas todas as medidas de prevenção recomendadas.

Jack Huang salientou que a covid-19 "não afetou praticamente a Cidade da China, que tem números inferiores aos que têm sido registados noutros locais" e considerou que foi apenas o facto de terem sido os primeiros cidadãos chineses infetados em Angola que "chamou muito a atenção".

Os dois chineses, adiantou, entretanto, a porta-voz do centro comercial, Helena Xiang, já estão curados e apresentaram resultados negativos.

O presidente do complexo reafirmou os esforços da administração em apoiar todos os lojistas, mas também a preocupação de salvaguardar os empregos: "solicitámos a todos os lojistas que paguem os salários atempadamente e não podem pôr os seus trabalhadores no desemprego, sem motivo".

Além disso, os lojistas devem pagar os salários dos funcionários que ficaram em quarentena (34 pessoas).

"Se não conseguirem, a Cidade da China, apoia", prometeu.

 

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