"As cartas de reivindicação foram enviadas em nome de cinco mulheres que trabalharam como amas e hospedeiras de bordo para Al-Fayed entre 1995 e 2012", escreveu o escritório Leigh Day.

Esta ação é "o primeiro passo formal" num procedimento legal de indemnização, especifica o escritório, num comunicado. As alegadas vítimas pedem ainda a abertura de um inquérito público.

Segundo o comunicado, as mulheres eram funcionárias da companhia aérea privada Fayair (propriedade do bilionário) ou de outras empresas pertencentes ao clã Al-Fayed e foram vítimas de "grave violência sexual, assédio e maus-tratos".

O comunicado fala ainda em "violência verbal" e "ameaças", sem revelar mais detalhes.

"Tomámos esta medida em nome dos nossos clientes que foram vítimas de violência às mãos de Al-Fayed enquanto trabalhavam para ele ou para os seus outros negócios fora da Harrods", disse o advogado Richard Meeran, citado no comunicado.

"É importante que o seu espólio seja também responsabilizado legalmente pelos abusos generalizados que [Al-Fayed] perpetrou contra pessoas que talvez nunca tenham tido qualquer tipo de relação com a famosa loja", acrescentou Meeran.

Em novembro, a polícia de Londres disse que um total de 90 mulheres acusaram Mohamed Al-Fayed de agressão sexual e violação.

A polícia de Londres realçou que várias destas novas denunciantes relataram "múltiplos delitos", sem especificar quais e sem fornecer detalhes sobre o perfil das vítimas.

Questionada pelas denunciantes sobre a condução das investigações, a polícia londrina adiantou também estar a investigar "um certo número de indivíduos que eram próximos" do empresário egípcio.

Segundo os meios de comunicação britânicos, pelo menos cinco pessoas estão na mira dos investigadores.

Garantindo que estão a ser seguidas "todas as linhas de investigação razoáveis", a polícia afirmou já ter analisado mais de 50 mil páginas de provas, incluindo numerosas declarações anteriores.

Os testemunhos contra Mohamed Al-Fayed multiplicaram-se desde a transmissão, em setembro, de um documentário da emissora britânica BBC que relatava múltiplas acusações de violação e agressão sexual alegadamente cometidas pelo empresário egípcio, que morreu em agosto de 2023, aos 94 anos.

As acusações mais antigas remontam a 1979, segundo a polícia de Londres.

Os ataques duraram mais de 30 anos, até 2013. Mohamed Al-Fayed nunca foi alvo de processos judiciais durante a sua vida, mas foi detido pela polícia em 2013.

Em meados de novembro, três mulheres que trabalhavam na Harrods acusaram o irmão, Salah Fayed, também falecido, de também as ter agredido sexualmente.

 

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