O Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky apelou à Europa que prove que pode defender-se numa mensagem nas redes sociais: "A Europa pode defender-se. Precisamos de o provar".

A chamada "coligação dos dispostos" iniciou esta quinta-feira, em Paris, as discussões finais sobre "garantias de segurança" para a Ucrânia, incluindo uma possível mobilização militar europeia, como parte de um futuro acordo de paz com a Rússia.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, convocou os líderes de quase 30 países aliados da Ucrânia para finalizar as garantias de segurança a fornecer a Kiev no caso de um acordo de paz com a Rússia.

Macron falou também com o seu homólogo norte-americano, Donald Trump, antes do encontro, anunciou o Palácio do Eliseu. De acordo com a Presidência francesa, a troca de impressões teve lugar após o encontro de quarta-feira à noite entre o Presidente francês e o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, em que foi anunciado que a França dará uma nova ajuda suplementar de dois mil milhões de euros à Ucrânia.

Além disso, o Eliseu anunciou que Macron "manteve breves conversações" com Zelensky, bem como o primeiro-ministro britânico Keir Starmer e o chefe da Aliança Atlântica, Mark Rutte, antes do início da reunião sobre paz e segurança para a Ucrânia, onde Portugal estará representado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro.

Além de Starmer, estará presente a italiana Giorgia Meloni, o chanceler alemão, Olaf Scholz, e o vice-presidente turco Cevdet Yilmaz. O chefe da NATO, Mark Rutte, marca igualmente presença.

Depois de uma série de reuniões políticas e militares organizadas sucessivamente desde meados de fevereiro por Paris e Londres, chegou o momento de "tirar conclusões operacionais", explicou a presidência francesa.

Acordo de paz não será fácil

O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, em viagem à Jamaica, reconheceu na quarta-feira que chegar a um acordo de paz "não será fácil" e "levará tempo", moderando o otimismo manifestado durante semanas por Donald Trump.

Para o Presidente francês, o facto da Rússia continuar a atacar a Ucrânia mostra "a sua vontade de continuar a guerra", razão pela qual considera ser "demasiado cedo" para pensar num levantamento das sanções a Moscovo.


"A Rússia está a ganhar tempo, temos de continuar a manter a pressão", acrescentou o Presidente ucraniano na quarta-feira à noite.

Os dois responsáveis pediram que Moscovo aceitasse um cessar-fogo completo de 30 dias "sem condições prévias".

Europa quer garantir segurança independentemente da mediação dos EUA

A maioria dos países da União Europeia (UE) e da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) quer finalizar as decisões sobre "garantias de segurança" para a Ucrânia, sem esperar pela mediação norte-americana.

Tanto para Londres como para Paris, estas garantias podem assumir formas muito variadas: na "linha da frente", a ajuda ao próprio exército ucraniano e, na segunda e mais discutida linha, a possibilidade de enviar uma "força de segurança" para a Ucrânia, composta por países europeus voluntários, no âmbito de um acordo de paz.

O objetivo é finalizar o trabalho sobre o apoio "a curto prazo" ao exército ucraniano, sobre "um modelo de exército ucraniano sustentável para evitar futuras invasões russas" e sobre as "garantias de segurança que os exércitos europeus podem fornecer", incluindo os destacamentos terrestres em solo ucraniano, afirmou, na semana passada, Macron.

António Costa defende manutenção das sanções à Rússia

O presidente do Conselho Europeu e ex-primeiro-ministro português, António Costa, defendeu esta quinta-feira que a União Europeia (UE) tem de "manter a pressão" sobre a Rússia através das sanções impostas desde a invasão da Ucrânia em 2022.

"A melhor forma de apoiar a Ucrânia é mantermo-nos fiéis ao nosso objetivo de alcançar uma paz justa e duradoura. Isto significa manter a pressão sobre a Rússia através de sanções", escreveu o chefe do organismo que representa os líderes dos 27 países da UE na rede social X, na abertura de uma cimeira dos aliados da Ucrânia em Paris.