"Revistar [os alunos] na entrada, antes de irem para a sala de aula, seria essencial para garantir a segurança de todos no recinto escolar", disse à Lusa Vanny Furtado, pai de três crianças que frequentam a Escola Secundária Eugénio Tavares.
No dia 09 de janeiro, um estudante disparou uma arma de fogo contra um colega, atingindo-o com um tiro no pescoço.
Para Vanny, o episódio trouxe inquietação e apontou a necessidade de pais e autoridades estarem mais atentos.
"Os meus filhos ainda perguntam como é que isto aconteceu, porque nunca tínhamos vivido algo assim na Brava", disse, numa das ilhas mais pequenas de Cabo Verde, onde vivem menos de 6.000 pessoas.
"O mais importante agora é prevenir: embora a nossa comunidade não seja marcada por este tipo de crimes, este caso exige o envolvimento de todos", apontou.
O pai reconheceu também a importância de acompanhar os filhos em casa, identificar sinais e estar alerta para os riscos de deixar crianças sozinhas em casa com "tecnologia lhes dá acesso a tudo", numa alusão à Internet.
"Temos de educar e assumir o nosso papel. Só assim podemos construir uma sociedade mais segura", afirmou, referindo que reforçou as conversas com os filhos após o incidente.
O professor Fernando Morais, que leciona na escola desde 2016, descreveu o caso como um "choque" para a comunidade.
"Embora seja um episódio isolado, acredito que é um alerta para implementarmos medidas preventivas", afirmou.
Numa reunião organizada pela escola, os pais apontaram a necessidade de aumentar a segurança, sugerindo a contratação de mais guardas para controlar o acesso ao recinto e impedir a entrada de estranhos.
"Temos uma falta de guardas e de pessoal de apoio. Isso dificulta o controlo e deixa os alunos mais expostos", lamentou Fernando, que também apelou a uma maior participação dos pais na vida escolar dos filhos.
Para Anderson Batista, antigo aluno e morador da ilha, o incidente é motivo de "grande preocupação".
"Frequentei este liceu e nunca vi nada semelhante. É impossível não temer pela segurança das crianças e dos professores", declarou.
Anderson sugeriu maior controlo no acesso às escolas, programas de sensibilização sobre a violência e apoio psicológico para os alunos.
Após o incidente, a justiça cabo-verdiana decretou prisão preventiva para o pai do jovem responsável pelo disparo, enquanto o menor foi enviado para um centro socioeducativo.
A vítima foi transferida para o Hospital Agostinho Neto, na cidade da Praia, a principal do país, onde foi submetida a uma cirurgia para remover a bala alojada no pescoço.
Relatos indicam que o adolescente já havia levado a arma para a escola noutras ocasiões, acreditando que estava inutilizada.
Este episódio lançou um debate sobre a segurança escolar em Cabo Verde.
A Lusa tentou obter esclarecimentos por parte do delegado da Educação da ilha, que remeteu declarações para momento oportuno.
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