No relatório anual sobre o mercado da eletricidade, a AIE observa que os países emergentes serão responsáveis por 85% do crescimento até 2027, mas também se verifica alguma recuperação no mundo desenvolvido, devido em parte à procura de novos centros de dados e à eletrificação de algumas atividades industriais e de transportes.

A principal protagonista desta dinâmica será a China, que, depois de ter registado uma subida no ano passado de 7%, semelhante à de 2023, deverá continuar com uma cadência forte, embora ligeiramente inferior, de 6% ao ano até 2027.

Um dos principais impulsionadores da procura no gigante asiático é a indústria, especialmente os setores que consomem grandes quantidades de energia, com destaque para o fabrico intensivo e rápido de painéis solares, baterias e veículos elétricos.

Os chineses também estão cada vez mais a equipar-se com ar condicionado e a construir centros de dados, que já consumiram cerca de 100 terawatts-hora de eletricidade no ano passado, um número que poderá duplicar até 2027.

Desde 2020, a eletrificação na China aumentou mais rapidamente do que a própria economia, o que explica em grande parte o facto de representar atualmente uma percentagem significativamente mais elevada do consumo final de energia (28%) do que a dos Estados Unidos (22%) e da União Europeia (UE), que é de 21%.

Na mesma linha, o crescimento do consumo de eletricidade na Índia será de 6,3% em média ao ano até 2027, superior à média de 5% registada entre 2015 e 2024.

O outro lado do mundo em desenvolvimento será a África subsariana, onde a falta de infraestruturas de distribuição e fornecimento dificulta a expansão. Naquela região, 600 milhões de pessoas ainda não têm acesso a eletricidade.

Nos países ricos, onde a procura de eletricidade está praticamente estagnada ou em declínio desde 2009, a AIE espera que o crescimento se mantenha em 2024, acompanhado pela implantação de veículos elétricos, equipamentos de ar condicionado, centros de dados e bombas de calor.

Os Estados Unidos serão responsáveis por 60% do aumento do consumo nos próximos três anos em todo o continente americano, com uma taxa de crescimento anual de 2%, e isto deve-se principalmente às necessidades de novos centros de data e, em menor grau, da indústria.

O Brasil, que atualmente representa 10% do mercado continental de eletricidade, absorverá 20% da procura adicional nas Américas até 2027 (um aumento de 3,7% ao ano), que poderá cobrir integralmente com nova capacidade de geração eólica e solar, embora a energia hidroelétrica continue a ser a principal fonte de fornecimento.

Quanto à União Europeia, os autores do relatório estimam que a procura cresça a um ritmo significativamente mais baixo, 1,7% (era de 1,4% em 2024), o que significa que o bloco europeu não irá retomar antes de 2027 o nível de consumo atingido em 2021.

 Na UE, as energias renováveis, que cresceram 8,4% no ano passado, continuarão a crescer rapidamente (média anual de 7,2% até 2027), o que não só compensará o encerramento das centrais de combustíveis fósseis (carvão, mas também gás natural), como também responderá ao ligeiro aumento da procura.

 

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