Cientistas australianos anunciaram esta semana que produziram o primeiro embrião de canguru do mundo através de fertilização in vitro (FIV), uma experiência histórica que poderá ajudar a salvar outras espécies de marsupiais ameaçadas.

“Este sucesso com embriões de canguru é profundamente gratificante, representando o culminar de anos de formação, investigação e colaboração", disseram os cientistas em comunicado .

Embriões de canguru
Embriões de canguru Universidade de Queensland

A equipa da Universidade de Queensland disse ter testado a fertilização in vitro em cangurus cinzentos orientais, com o objetivo de a expandir posteriormente para outras espécies.

“A Austrália alberga a maior diversidade de fauna marsupial do planeta, mas é também o país com a maior taxa de extinção de mamíferos”, afirmou o investigador Andres Gambini.

O grande objetivo desta investigação "é apoiar a conservação de espécies de marsupiais ameaçadas, como os coalas, os diabos-da-tasmânia, os wombats-de-nariz-peludo-do-norte e os leadbeater".

“Ao desenvolver métodos de preservação, pretendemos salvaguardar o material genético destes animais únicos e preciosos para uso futuro, de forma a garantir a sua conservação (...) temos esperança de que o nascimento de um marsupial através da fertilização in vitro possa tornar-se uma realidade dentro de uma década".

O estudo foi publicado na revista científica internacional “Reproductive, Fertility and Development”.

Animais ameaçados de extinção

O número total de cangurus varia entre 30 e 60 milhões na Austrália, e são frequentemente abatidos para manter as populações sob controlo.

Mas outras espécies de marsupiais são muito mais frágeis. Por exemplo, estima-se que apenas 20.000 a 50.000 diabos-da-tasmânia ainda vivam na natureza, ao passo que existiram cerca de 150.000 antes de um misterioso tumor facial os atingir em meados da década de 1990.

A Austrália perdeu pelo menos 33 espécies de mamíferos desde a colonização europeia do continente, de acordo com oConselho Australiano de Espécies Invasoras, uma taxa de extinção mais elevada do que na história recente de outros continentes.

Mais de 2.200 espécies e ecossistemas na Austrália estão classificados como ameaçados de extinção, de acordo com um relatório de 2023 da organização sem fins lucrativos Australian Conservation Foundation.

Os cientistas da Universidade de Queensland Patricio D. Palacios e Andres Gambini
Os cientistas da Universidade de Queensland Patricio D. Palacios e Andres Gambini SIC Notícias