O Presidente da República esteve esta terça-feira a ouvir os sete partidos que têm representação na Assembleia Legislativa depois de a 17 de dezembro ter sido aprovada uma moção de censura ao Governo Regional.

Depois de reunir com todos os partidos, Marcelo Rebelo de Sousa convocou o Conselho de Estado para o dia 17 de janeiro, às 15:00, para discutir a situação política na Madeira.

“Tenho apoio do Presidente nacional do PSD”

O primeiro a ser ouvido em Belém foi o PSD. Aos jornalistas, no final da reunião, Miguel Albuquerque diz que pediu a Marcelo Rebelo de Sousa que as eleições se realizassem o mais depressa possível.

"Viemos solicitar ao senhor Presidente da República que, no quadro das suas competências, marcasse as eleições regionais o mais rapidamente possível, porque a Madeira, neste momento, está sem Orçamento, está sem Governo e é fundamental haver uma clarificação democrática devolvendo a voz ao povo", disse Miguel Albuquerque, presidente do PSD Madeira.

Miguel Albuquerque considerou que 9 de março é uma data “ideal porque é logo a seguir ao Carnaval ou, então, no fim de semana seguinte”.

"Vou ser o candidato do PSD e tenho o apoio, obviamente, do presidente do PSD nacional e do secretário-geral. Não é por acaso que o secretário-geral do PSD está aqui", afirmou, ao lado do dirigente social-democrata Hugo Soares.

Um apoio, que quando questionado, Hugo Soares não confirma, mas diz que estar presente na reunião é significativo. “Quem escolhe os representantes do PSD são os militantes do PSD na Madeira. Nós não somos daqueles que defendemos a autonomia apenas nas palavras, nós defendemos a autonomia como ela deve ser defendida”.

“O PSD Madeira tem órgãos eleitos e vieram hoje ser recebidos pelo Sr. Presidente da República e não tenho mais nada a dizer sobre isso… a minha presença aqui é significativa”, disse Hugo Soares sem responder se tem confiança ou não na liderança de Miguel Albuquerque.

"Já perdemos muito tempo com Albuquerque"

O segundo partido a ser recebido foi o PS Madeira. Em declarações aos jornalistas, o presidente, Paulo Cafôfo, insistiu na necessidade de marcar eleições o mais rapidamente possível.

O dirigente socialista acusou o presidente do PSD/Madeira e líder do Governo Regional, Miguel Albuquerque, de ser o único responsável pela situação política na região autónoma, considerando que "a única forma de acabar com esta instabilidade é com eleições" e com uma solução governativa liderada pelo PS.

“Não podemos estar a perder mais tempo, já perdemos muito tempo com as garantias de estabilidade de Miguel Albuquerque e vimos que essa estabilidade foi afinal instabilidade e precisamos que o partido socialista aqui seja estabilidade da garantia de um novo tempo com um novo rumo para a região.

“Nós estamos numa instabilidade política não é devido ao JPP”

Em terceiro lugar foi ouvido o Juntos pelo Povo (JPP) que, à semelhança do PSD, também propôs que as eleições na Madeira fossem realizadas a 9 de março. “Achamos que seria aquela data que permitiria depois regressar à normalidade".

Élvio Sousa afirmou que o partido está preparado para se submeter a votos e está "num processo de atualização e de ajustes" do seu último Programa de Governo e rejeitou responsabilidades do seu partido na instabilidade política da Madeira.

“Nós estamos numa instabilidade política não é devido ao JPP é devido ao PSD e à instabilidade criada pelo próprio Presidente do Governo Miguel Albuquerque e ao seu aliado Chega, não esquecer”, disse Élvio Santos do Juntos pelo Povo.

“A situação não é só com Miguel Albuquerque, é com ele e com o seu Governo"

De seguida o Chega, defendeu, também, eleições regionais antecipadas na Madeira e uma solução governativa estável o mais rápido possível. "Comunicámos ao senhor Presidente que esta situação política na Madeira, assim como está, não nos satisfaz e que, efetivamente, o que queremos é uma solução política governativa estável o mais rápido possível", declarou Miguel Castro.

Miguel Castro reiterou que, se o presidente do PSD/Madeira e chefe do executivo regional, Miguel Albuquerque, "continuar a insistir que será ele o candidato do PSD, não terá o apoio do Chega", afirmou.

“A situação não é só com Miguel Albuquerque, é com Miguel Albuquerque e com o seu Governo. Obviamente que Miguel Albuquerque era uma pessoa só, neste momento são cinco pessoas de um Governo que para nós não era viável que fosse sustentável”, afirmou Miguel Castro.

“É preciso soluções com partidos democráticos”

Em Belém, e ouvido em quinto lugar, o CDS-PP/Madeira apelou à responsabilidade de todos os partidos para que seja encontrada uma solução de estabilidade política após as "inevitáveis" eleições legislativas regionais na Madeira, à saída de uma audiência com o Presidente da República, em Lisboa.

“O CDS entende e apela a todos os agentes políticos da Madeira que tenham sentido de responsabilidade para que seja possível encontrar uma solução de estabilidade política que nos conduza a um Governo para os próximos quatro anos”, diz José Manuel Rodrigues do CDS Madeira.

José Manuel Rodrigues destacou que o CDS-PP "quer alargar o seu espaço político" encontrando "na sua área política e nas áreas próximas uma solução de Governo para a Madeira para os próximos quatro anos".

“Obviamente que é preciso encontrar soluções estáveis para a Governação da Madeira com os partidos democráticos e sem populismos nem forças radicais”, afirma.

ANTÓNIO COTRIM / LUSA

“É necessário recorrer a eleições antecipadas na Madeira”

Também a Iniciativa Liberal reafirmou que devem ser realizadas eleições regionais antecipadas e que o partido dificilmente integrará uma coligação governamental ou apoiará diretamente o novo executivo.

“É necessário recorrer a eleições antecipadas na Madeira e foi essa a posição que transmitimos ao Sr. Presidente, transmitindo, também, que a Iniciativa Liberal será sempre um contributo para a estabilidade governativa da Madeira e não para a instabilidade governativa da Madeira e que pretende assumir-se como uma alternativa e como uma solução moderada e responsável”, afirma Gonçalo Maia Camelo da IL Madeira.

O coordenador da IL/Madeira disse, por um lado, que não traça "linhas vermelhas a quaisquer soluções", respeitando a força política ou conjugação de forças mais votadas, mas assegurou que não apoia o presidente da estrutura regional do PSD e presidente do executivo insular, Miguel Albuquerque, que já assumiu que será novamente cabeça de lista.

“A Iniciativa Liberal dificilmente viabilizará determinadas soluções, nomeadamente soluções de esquerda radical ou soluções populistas” afirma

ANTÓNIO COTRIM / LUSA

“É fundamental dar voz aos madeirenses”

Ouvido por último, o PAN/Madeira defendeu que "é fundamental" a realização de eleições na região autónoma, considerando que o projeto político de Miguel Albuquerque chegou ao fim.

“É fundamental, dado o impasse político que a madeira chegou voltarmos a dar voz aos madeirenses e aos porto-santenses para que possam decidir aquilo que pretendem para o futuro da região. É verdade que chegámos ao ponto em que temos lideranças fraturadas e em que realmente parece haver possibilidade e não há efetivamente possibilidade de entendimentos enquanto as figuras principais não perceberem que o seu projeto político chegou ao fim”, diz Mónica Freitas do PAN Madeira.

O PAN terá um diálogo e um sentido de construção com todos os partidos que de alguma forma também estejam abertos a haver esse diálogo e a ser um trabalho conjunto e não de um partido só”, acrescentou.

Com Lusa