Pelo menos 62 pessoas morreram, esta quarta-feira, em Valência, informa o Centro de Coordenação Operativa Integrado do Ministério do Interior. Além disso, há dezenas de desaparecidos. Em causa estão inundações que varreram automóveis pelas ruas de aldeias no leste e no sul de Espanha.
De acordo com o “El País”, dezenas de pessoas passaram a noite, em Valência, em camiões ou automóveis, em locais altos (como telhados de lojas ou de estações de serviço, cimo de pontes) e outras ficaram presas nos seus carros em estradas bloqueadas até serem resgatadas. Algumas ainda estão à espera de serem socorridas pelos serviços de emergência.
As autoridades de Valência disseram, na terça-feira à noite, terem encontrado “múltiplas vítimas” em zonas inundadas, mas não avançaram a localização nem um número provisório por ainda não ter sido possível comunicar as mortes aos familiares.
Já o presidente da câmara da cidade de Letur, em Albacete, diz que ainda não é possível “precisar” o número de pessoas desaparecidas. Esta localidade sofreu uma forte inundação, que arrastou dois funcionários municipais dentro de um veículo que ainda não foi encontrado.
Dezenas de pessoas ficaram presas pela água em diferentes pontos da província de Valência, incluindo em centros comerciais, veículos, telhados ou árvores, disseram moradores de diferentes localidades.
A ministra da Defesa de Espanha, Margarita Robles, disse, esta quarta-feira, aos jornalistas, em Madrid, que a região de Valência viveu nas últimas horas "um fenómeno sem precedentes".
Segundo o serviço de emergências da Comunidade Valenciana, cerca de 200 pessoas foram resgatadas durante a madrugada de diversos locais, mas as equipas de proteção civil e de militares que estão no terreno continuam sem acesso a várias zonas afetadas, por haver vias inundadas e destruídas ou infraestruturas afetadas.
O Governo de Espanha criou uma comissão de crise para monitorizar os efeitos da tempestade na costa mediterrânica e em Albacete, enquanto o rei Felipe VI disse acompanhar "com grande preocupação as consequências devastadoras" das inundações.
Numa declaração aos jornalistas, o coordenador das equipas de emergência, José Miguel Basset, disse que com o nascer do dia e o reforço de meios começou a ser possível iniciar resgates com meios aéreos e que há centenas de pessoas presas, por exemplo, em troços de duas autoestradas, numa situação que considerou "muito complicada".
Além de haver infraestruturas afetadas, há também várias zonas sem comunicações e eletricidade, disse José Miguel Basset.
A precipitação na região de Valência foi a mais elevada em 24 horas desde 11 de setembro de 1966, de acordo com dados oficiais.
Um comboio de alta velocidade com quase 300 pessoas a bordo descarrilou na terça-feira perto de Málaga, embora as autoridades ferroviárias tenham dito que ninguém ficou ferido. Em Andaluzia, esta segunda-feira, sete estradas estiveram cortadas e a Junta de Andaluzia ativou o Plano de Emergência. Os serviços de emergência detetaram, desde as 21h de segunda-feira, 240 incidentes nesta região no sul de Espanha.
O serviço ferroviário de alta velocidade entre Valência e Madrid foi interrompido, assim como várias linhas suburbanas.
Várias autoestradas foram interditadas e a autoridade aeroportuária indicou, segundo o “El Mundo”, que 30 voos foram desviados e 40 cancelados no aeroporto de Valência, onde as pistas ficaram inundadas, de acordo com vídeos divulgados nas redes sociais.
A capital e vários municípios da província de Valência suspenderam as aulas no dia de hoje, devido à situação meteorológica.
O serviço meteorológico espanhol previu mais aguaceiros e tempestades muito fortes até quinta-feira e não descartou a ocorrência de chuvas torrenciais, acompanhadas de granizo e vento forte esta manhã.
Espanha sofreu tempestades de outono semelhantes nos últimos anos. O país recuperou um pouco de uma seca severa este ano graças às chuvas. Os cientistas dizem que o aumento dos episódios de condições meteorológicas extremas está provavelmente ligado às alterações climáticas.
atualizado às 11h28