O primeiro-ministro Luís Montenegro regressou de férias com um anúncio na bagagem: o nome do futuro comissário ou comissária europeu. Ao final da manhã desta quarta-feira, a partir da residência oficial, o chefe de Governo disse que o sucessor de Elisa Ferreira é

“Queria transmitir às portuguesas e aos portugueses que tomei a decisão, em nome e com o apoio de todo o Governo, de propor Maria Luis Albuquerque para integrar o novo colégio de comissários Europeus em representação de Portugal”

Tratou-se, revelou o chefe do Governo, de um processo que começou a ser tratado, “com descrição e recato desde antes das eleições europeias de junho”.

"A dra. Maria Luís Albuquerque é uma personalidade de reconhecido mérito académico, profissional, político e cívico", considerou, recordando que desempenhou, entre outras, atividades como docente universitária, secretária de Estado do Tesouro, ministra de Estado e das Finanças, deputada na Assembleia da República, para além de "várias funções no setor público, privado e social".

O primeiro-ministro realçou ainda que a ex-governante acumulou "uma vasta e interessante experiência junto das instituições europeias" e dos seus protagonistas.

A escolha recaiu sobre a antiga ministra de Estado e das Finanças de Pedro Passos Coelho "pelo seu perfil e pelo conhecimento direto e pessoal que tenho das suas capacidades sei que vai honrar Portugal", afirmou.

"É, portanto, detentora de qualidades e competências extraordinárias que vão seguramente enriquecer a Comissão Europeia e prestigiar Portugal. Mas vão, sobretudo, estar ao serviço dos europeus", disse.

Montenegro, que não falou na pasta que caberá a Portugal, destacou que a União Europeia está a entrar num novo ciclo "vocacionado para o estímulo do mercado interno, a competitividade da economia europeia, a definição de um novo quadro plurianual financeiro, a que se juntam desafios enormes nas áreas da segurança e defesa, bem como novos horizontes no alargamento da União Europeia".

"É importante que cada Estado-membro disponibilize alguns dos seus melhores para trabalhar a bem de todos os europeus. Como primeiro-ministro, considero que a doutora Maria Luís Albuquerque honra esse perfil", disse, manifestando "toda a confiança e toda a esperança" na antiga governante.

Do currículo de Maria Luís Albuquerque, de 56 anos, faz parte o cargo de ministra de Estado e das Finanças durante o período em que Portugal estava sob assistência financeira da 'troika', sucedendo a Vítor Gaspar em julho de 2013 e mantendo-se até final do executivo liderado por Pedro Passos Coelho.

Atualmente é membro do Conselho Nacional do PSD -- segundo nome da lista da direção de Luís Montenegro, logo a seguir a Carlos Moedas -, e membro do Conselho de Supervisão da subsidiária europeia da empresa norte-americana Morgan Stanley.

Portugal teve até agora seis comissários europeus, quatro deles do partido social democrata. Elisa Ferreira, que tem a pasta da Coesão e Reformas desde 2019, foi até agora a única mulher portuguesa na função.

Segredo revelado quase no fim do prazo

O prazo estabelecido por Ursula von der Leyen termina na próxima sexta-feira, dia 30 de agosto, e já ontem o ministro Paulo Rangel assegurou, em declarações ao jornal Público, que a escolha do Governo seria anunciada antes do fim de semana e não, como havia sido adiantado, na Universidade de Verão do PSD.

Um outro pedido aos 27 feito por de Von der Leyen, a mulher que corre à frente da Europa, foi o de uma Comissão Europeia (CE) paritária com tantos homens como mulheres na mesa de trabalho dos comissários em Bruxelas. Mas dificilmente vai ter, já que mais de metade dos países indicou um homem para o lugar.

Porém, vários primeiros-ministros avisaram, desde logo, que indicam quem entendem ser o melhor para representar o país e alegando que os tratados europeus dão total autonomia aos chefes de Governo para a escolha de um único nome.

O jornal Político, especialista em assuntos europeus, diz que 16 países já confirmaram a escolha de um homem para comissário. Ou seja, na melhor das hipóteses só restariam 11 lugares para mulheres, o que significaria uma derrota para a presidente da CE, porque no segundo mandato não conseguiria chegar aos atuais 44% de representação feminina.

[Notícia atualizada às 13:11]