Dezenas de pessoas permaneciam pelas 22:00 em protesto contra a atracagem, em Lisboa, de um navio "que tem estado na rota do genocídio" em Gaza e tem sido "central no armamento de Israel".

O protesto em frente ao Porto de Lisboa começou às 20:00, a hora prevista da chegada do navio “Nysted Maersk”, que "tem estado na rota do genocídio e que tem sido central no armamento americano de Israel", acusou o líder parlamentar do Bloco de Esquerda (BE), Fabian Figueiredo.

A denúncia partiu da campanha Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) a Israel, que indica que o navio fez, nos últimos meses, centenas de transportes ilegais de armas para Israel, através do porto espanhol de Algeciras.

"Foram 400 vezes que este navio atravessou o mediterrâneo para levar armamento que promove e participa no genocídio do povo da Palestina em Gaza", acusou o deputado, que hoje participou no protesto, que juntou desde jovens estudantes universitários a reformados.

O Governo justificou a autorização de deixar aportar o navio defendendo que o barco não transportava armamento: "Foi-nos reconfirmado que não é transportada qualquer carga militar, armamento ou explosivos", adiantou o executivo.

Para o Bloco de Esquerda, as declarações do Governo servem apenas para "desconversar", já que a acusação não se refere à carga que transporta hoje, mas sim ao facto de o navio participar numa rede de cargueiros que transporta armas dissimuladamente para Israel.

"A única dúvida que existe é saber se o Governo foi enganado ou quis ser enganado", defendeu Fabian Figueiredo, defendendo que "os portos portugueses não devem servir de plataforma para o genocídio em Gaza".

Manifestação no Porto de Lisboa por causa de um navio que alegadamente transporta armamento para Israel
Manifestação no Porto de Lisboa por causa de um navio que alegadamente transporta armamento para Israel JOSÉ SENA GOULÃO/Lusa

Ao permitir que o navio atraque em Lisboa "Portugal está a ser cúmplice", acusou por seu turno Sandra Machado, da PUSP - Plataforma Unitária de Solidariedade com a Palestina, uma das organizações envolvidas no protesto que queria que o governo revogasse a autorização da atracagem.

Mas às 20:30 já corria a informação de que o navio tinha efetivamente chegado ao porto de Lisboa, um facto que não desmobilizou os manifestantes que explicaram que o protesto quer também fazer pressão para que o Governo passe a proibir o trânsito em mar português de barcos que transportem armas para Israel.

"Este navio atraca em Lisboa porque não foi autorizado a atracar em Espanha", acrescentou o líder bloquista, lamentando que Portugal não tivesse tomado uma posição semelhante a Espanha, que "desde maio tem proibido a atracagem de qualquer barco com destino a Israel que tenha armamento".

Às 22:00, os manifestantes permaneciam em protesto gritando palavras de ordem e empunhando bandeiras da Palestina.

"Este navio faz parte de um esquema para iludir as regras de vários estados europeus que têm proibido que os seus portos e os seus territórios sejam plataformas de armamento para Israel", defendeu o líder, lamentando que Portugal tenha optado por "entrar no perímetro dos países cúmplices" com o conflito na Palestina.

O protesto de hoje contou também com a participação do Palestina em Português e do Comité de Solidariedade com a Palestina, além de vários estudantes que no último ano têm participado em ações em defesa do povo palestiniano.