1 – Trump soma mentiras e ainda não corrigiu a mensagem

Atrás nas sondagens, ainda sem conseguir corrigir a mensagem, Donald Trump dá sinais de vulnerabilidade e agrava o grau de mentiras atiradas para a campanha.

O candidato republicano teve o descaramento de afirmar que na invasão do Capitólio não houve mortos. Mentira (grave, aliás, até porque ele era Presidente dos EUA nesse dia): houve pelo menos sete mortos nesse infame acontecimento, cinco polícias e dois apoiantes de Trump que tentavam invadir o edifício.

Donald Trump, defensor de amnistia aos invasores do 6 de janeiro, insiste num negacionismo da sua derrota em novembro de 2020 e até do que aconteceu no ataque ao Capitólio. Trump voltou a insultar Kamala, diz que a sua opositora é “pior” que Joe Biden.

“Deram-nos Joe Biden, e depois deram-nos outra pessoa qualquer. Penso, francamente, que preferia concorrer contra outra pessoa qualquer”. O republicano vê a democrata como "fraca no crime" e com intenções de ter "fronteiras abertas".

A verdade é que Trump estava a conseguir fazer o caso do candidato-forte contra um Biden-fragilizado. E, simplesmente, ainda não conseguiu lidar com a nova realidade: a de que é 19 anos mais velho que a opositora, a que passou a ser o candidato presidencial mais velho da História da América, a de ter perdido, em três semanas, uma liderança clara da corrida.

CHANDAN KHANNA/AFP via Getty Images

2 – Votar ou não votar, eis a questão

Esta é a eleição da polarização. Dos convencidos e zangados com “o outro lado”. Não é uma eleição de “common ground”, é uma luta de boxe entre dois campos.

Não se trata de persuasão, porque há muito pouca gente para seduzir ou convencer. Por isso os indecisos serão não mais que 10 a 15%. Mais de 90% dos republicanos já decidiram votar Trump. Mais de 90% dos democratas já decidiram votar Kamala.

Os votantes Trump olham para Kamala a falar de “caráter” e ficam furiosos e ainda mais convencidos a votar Trump. Os votantes Kamala assistem às diatribes diárias de Trump e sentem ainda maior necessidade de ir votar Kamala para travar o regresso de Trump.

Flutuações e cruzamentos são cada vez menos. Nos independentes não há uma diferença tão clara, mas tudo aponta para uma vantagem considerável para Kamala, depois dos democratas terem resolvido em três semanas os problemas de Biden nesse segmento. Então está quase tudo decidido, certo?

Nada disso. Sem espaço para a persuasão, terá quase tudo a ver com mobilização. Não se trata de decidir “entre Trump e Kamala”. Trata-se se de saber quantos votantes Trump vão às urnas (ou votam por correspondência) e quantos se abstêm. E quantos votantes Kamala vão às urnas (e votam por correspondência) e quantos se abstêm. É isso que vai, verdadeiramente, decidir.

Kamala Harris e Tim Walz
Kamala Harris e Tim Walz hristopher Mark Juhn/Getty Images

UMA INTERROGAÇÃO: Vai Kamala Harris segurar todos os estados ganhos por Joe Biden em 2020 ou poderá Trump sonhar com o triunfo em territórios como a Virgínia, o Colorado ou mesmo o Novo México ou o New Hampshire?

Um estado: Washington

  • Resultado em 2020: Biden 57,8%-Trump 38,8%
  • Resultado em 2016: Hillary 54,3%-Trump 38,1%
  • Resultado em 2012: Obama 56,2%-Romney 41,3%
  • Resultado em 2008: Obama 57,7%-McCain 40,5%
  • Resultado em 2004: Kerry 50,2%-Bush 44,6%

(Nas últimas 13 eleições presidenciais, 9 vitórias democratas, 4 republicanas – os democratas ganharam as 9 últimas)

-- O estado de Washington (costa oeste) tem 7,7 milhões habitantes: 67,5% brancos, 13% hispânicos, 4,4% negros, 9,6% asiáticos; 49,9% mulheres. É o 13.º estado em população e o 7.º mais rico da União

Vale 12 VOTOS NO COLÉGIO ELEITORAL

Uma Sondagem:

VOTO NACIONAL POPULAR -- Kamala 45 / Trump 43 / Kennedy 2 / Stein 1 (Economist/YouGov, 4-6 agosto)