O presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP) disse esta segunda-feira à SIC que Luís Montenegro é o responsável pelo recuo na discussão do direito à greve nas forças de segurança. Para Paulo Santos, o primeiro-ministro desautorizou Margarida Blasco, que horas antes tinha aberto a porta ao debate.

“Percebeu-se alguma abertura para, em fase negocial, que se vai colocar em janeiro de 2025, pudesse ser feita uma abordagem relativamente a essa matéria. Mais tarde, viemos a perceber num comunicado pela mão do Governo, aliás, do próprio MAI, clarificando quase um barramento dessa discussão, dessa abertura, mas eu creio que isso é uma posição que vem diretamente do Sr. primeiro-ministro e que, na nossa perspetiva, até, de certa forma, desautoriza a Sr. ministra nessa matéria", diz Paulo Santos, presidente da ASPP.

Acrescentando, de seguida, que “mais cedo ou mais tarde, a classe política, principalmente o nosso primeiro-ministro, Luís Montenegro, vai perceber que a ASPP está a defender algo que há muito tempo coloca como pertinente, como elementar na liberdade sindical e que, mais cedo ou mais tarde, vai estar consagrado".

Recorde-se que este domingo o Ministério da Administração Interna explicou que a discussão sobre o direito à greve não vai fazer parte das negociações com as entidades sindicais. Num comunicado enviado às redações, esclareceu que"a posição do Governo é clara: nesse diálogo pode ser discutida a representação laboral e os direitos sindicais. Mas não o direito à greve".

Uma retificação feita horas depois de Margarida Blasco ter aberto a porta à discussão sobre o direito à greve nas polícias, com o tema reclamado pelos sindicatos a figurar entre os pontos em discussão nas negociações previstas para janeiro.

"Vamos começar no dia 6 de janeiro um conjunto de revisões e é um ponto que pode estar e estará, com certeza, em cima da mesa. Neste momento não vou dizer se sim ou se não, porque vai ter de ser submetido a um estudo", afirmou a governante, em declarações a jornalistas no final do primeiro congresso da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) , que decorreu durante o fim de semana na Faculdade de Direito de Lisboa.