Começou esta terça-feira, em França, o julgamento de um caso que abalou o país. Uma mulher foi drogada pelo marido e depois violada por dezenas de homens, contratados pelo próprio, ao longo de quase 10 anos. Gisele Pelicot, a vítima, pediu que a audiência fosse aberta para tornar o caso público e aumentar a consciencialização sobre o tema.

"É uma forma de ela mostrar que é possível recuperar e garantir que a vergonha não é dela, mas do acusado", disse o advogado, Antoine Camus, em declarações ao Daily Mail.

Além do marido, há 72 suspeitos no caso, mas apenas 50, com idades entre os 26 e os 74 anos, foram identificados e rastreados.

A maioria poderá enfrentar uma pena de até 20 anos de prisão por violação agravada, em caso de condenação. 18 pessoas já estão em prisão preventiva.

Milhares de fotos e vídeos encontrados

Dominique Pelicot, o marido da vítima e principal acusado do processo, assumiu ter planeado os crimes, entre 2011 e 2020.

O homem, de 71 anos, recrutou dezenas de homens pela internet para violar a mulher na casa da família, em Mazan, uma pequena aldeia de seis mil habitantes.

Vítima descobriu violações em 2020

Gisele não tem lembranças dos crimes que sofreu. Mas descobriu o que se passava aos 68 anos, em 2020, quando o marido foi apanhado num shopping a gravar as saias de clientes.

Durante as buscas, os investigadores encontraram no computador de Dominique milhares de fotografias e vídeos que mostram Gisele, visivelmente inconsciente, a ser abusada sexualmente.

Dominique tinha montagens da filha

A vítima, de 72 anos, manteve-se calma durante todo o julgamento, mas a filha, que usa o pseudónimo de Caroline Darian, abandonou a sala por duas vezes, em lágrimas, tendo sido amparada pelos dois irmãos.

Também foram encontradas montagens de Caroline nua no computador do pai, Dominique.

Para os filhos, "é imensamente doloroso e insuportável", afirmou o advogado da família, Antoine Camus. "Mesmo que não estejam a descobrir nada de novo, pois conhecem o caso, foi uma sessão muito cansativa".

O julgamento deverá continuar até dezembro.