O Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas (PAM) afirmou que espera um aumento no número de pessoas que vão ter dificuldades para se alimentar.
"O pior período está a chegar agora", disse à agência de notícias AFP, na sexta-feira, a diretora regional interina do PAM para a África Austral, Lola Castro, em Joanesburgo.
"As pessoas não conseguiram colher nada e o problema é que a próxima colheita só acontecerá em abril de 2025", afirmou a responsável.
Depois do Malawi, da Namíbia, da Zâmbia, do Zimbabué, o pequeno reino do Lesoto tornou-se há duas semanas o último país a declarar o estado de calamidade nacional devido à seca ligada ao fenómeno El Niño.
Outros países, como Angola e Moçambique, poderão em breve seguir o exemplo ou reportar uma disparidade entre os alimentos que possuem e o que necessitam, acrescentou Lola Castro.
Segundo algumas estimativas, essa seca é a pior que a região já atravessou em 100 anos, observou.
Pelo menos 27 milhões de pessoas foram afetadas numa região onde muitas dependem da agricultura para sobreviver, disse Castro, a partir do escritório do PAM em Joanesburgo.
A seca destruiu 70% das colheitas na Zâmbia e 80% no Zimbabué, reduzindo significativamente a oferta e aumentando os preços dos alimentos, disse a responsável do PAM.
"O milho está totalmente seco e com penugem, não cresceu e as pessoas estão realmente a tentar descobrir o que fazer a seguir para poderem alimentar as suas famílias", disse Castro.
Mesmo que o fenómeno El Niño já não se apresente na sua forma mais grave, os seus efeitos persistem.
"Não podemos falar de fome, mas as pessoas não conseguem comprar refeições adequadas e nem consumir um número suficiente de calorias por dia. As crianças estão a começar a perder peso, a população está a começar a sofrer", acrescentou a responsável do PAM.
O PAM está a incentivar os agricultores a plantar culturas mais tolerantes à seca, como o sorgo, o milho-miúdo e a mandioca, para fazer face aos futuros períodos de seca.
O órgão da ONU, que apelou por uma ajuda de 409 milhões de dólares para fornecer alimentos, dinheiro e outros tipos de assistência a cerca de seis milhões de pessoas na região, recebeu até agora apenas cerca de 200 milhões de dólares, disse Castro.
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