Este é um grito de desespero e indignação, uma súplica por humanidade, uma exigência de justiça e uma vergonha partilhada por todos aqueles que assistem de longe, em silêncio.

As mulheres afegãs, outrora detentoras de sonhos e esperanças, agora veem-se acorrentadas por regras impostas por um regime que as considera cidadãs de segunda classe, ou talvez nem isso.

Desde a tomada de poder pelos talibãs em 2021, as promessas de um governo mais moderado revelaram-se falsas.

As mulheres, que durante duas décadas conquistaram direitos fundamentais, como o acesso à educação e ao mercado de trabalho, agora são forçadas a permanecer em casa, escondidas sob burcas, privadas de qualquer forma de liberdade. Estatísticas recentes indicam que mais de 80% das meninas afegãs em idade escolar estão fora da sala de aula, e as mulheres que trabalhavam são obrigadas a deixar os seus empregos, aumentando a taxa de desemprego feminino para quase 90% em algumas regiões.

Esses números são mais do que meras estatísticas – são vidas despedaçadas, sonhos interrompidos e futuros roubados…

E onde está a União Europeia no meio deste desastre humanitário?

Onde estão as vozes que deveriam erguer-se em defesa dos direitos humanos universais?

A verdade é que a comunidade internacional, incluindo a União Europeia, falhou miseravelmente na sua resposta à crise afegã. As sanções económicas, as condenações diplomáticas e as promessas de ajuda humanitária não se traduzem em ações concretas que possam aliviar o sofrimento das mulheres afegãs. E enquanto líderes mundiais debatem políticas e estratégias em salas de conferências confortáveis, mulheres e meninas no Afeganistão enfrentam a brutalidade de um regime que não vê valor nas suas vidas.

A ausência de uma resposta forte e unida por parte da União Europeia não é só um fracasso político; é uma traição aos princípios de igualdade e liberdade que a organização diz defender.

É o momento em que os cidadãos do mundo, especialmente aqueles que vivem em países livres e democráticos, devem unir-se para levantar as suas vozes, para partilhar esta realidade, para pressionar os seus governos a agir, para não permitir que o sofrimento dessas mulheres continue a ser uma página esquecida nos noticiários!

As mulheres afegãs precisam de mais do que a nossa empatia, precisam da nossa ação, da nossa indignação transformada em movimentos que possam, de alguma forma, desafiar a tirania que as oprime. Não podemos continuar a viver as nossas vidas em conforto, fingindo que o horror que se desenrola no Afeganistão não nos diz respeito.

Atenção, este não é um problema distante; é uma questão de humanidade, de justiça e de decência.

E, no final de tudo, somos obrigados a questionar-nos: em que mundo queremos viver? Num onde as vozes das mulheres são silenciadas pela força, ou num onde essas vozes são ouvidas, amplificadas e defendidas com todo o poder que possuímos?

O silêncio é um enorme cúmplice, e a inação é uma sentença de morte para a liberdade.