O Museu Nacional Ferroviário tem a inauguração marcada para a tarde de segunda-feira, Dia Internacional dos Museus, abrindo ao público no dia seguinte, prometendo "dias especiais" de visita, nos quais as peças em exposição "podem ser tocadas, sentidas", nomeadamente com a possibilidade de circulação em quadriciclos (veículos que eram usados para a inspeção das vias) em parte das 19 linhas férreas que integram o complexo.
Maria José Teixeira, gestora de projetos e diretora-geral da Fundação Museu Nacional Ferroviário, assegura que este é "um museu único em Portugal e, comparativamente a outros museus ferroviários na Europa, tem uma coleção mais diversificada e mais rica".
Com destaque para as "duas joias" do património ferroviário português -- o comboio real, o único completo na Europa, e o comboio presidencial (inteiramente restaurado e homologado para circular) -, o museu "mostra a história do caminho-de-ferro em Portugal desde o vapor até aos nossos dias", com uma "porta aberta" para o futuro.
"Conseguimos reunir aqui toda a história, quer de material circulante -- locomotivas, carruagens, outros equipamentos de via - até peças do quotidiano e peças relacionadas com a infraestrutura", disse à Lusa Maria José Teixeira, realçando o património "riquíssimo, valioso e até agora muito desconhecido" que pode ser visto no Entroncamento, a "cidade ferroviária" situada no distrito de Santarém.
Na segunda-feira vão ser inaugurados cinco edifícios -- entre os quais se encontra a "redonda" das locomotivas a vapor que sofreu algumas adaptações depois da inauguração do que foi anunciado como a primeira fase do museu em 2008 -, em obras desde o final de 2010, depois de aprovadas as candidaturas a fundos comunitários.
"Os edifícios só por si merecem uma visita, porque são interessantes do ponto de vista da arquitetura do ferro", afirmou a responsável.
Por outro lado, "para ajudar a interpretar o património e a nossa história em termos de caminho-de-ferro", são abundantes os "equipamentos tecnológicos de ponta, com conteúdos que ajudam a integrar e a perceber a coleção do ponto de vista de desenvolvimento tecnológico, social, na perspetiva antropológica, etc.".
À chegada, o visitante embarca num "túnel da velocidade", que lhe dá a perceção da viagem num comboio a vapor até à alta velocidade, e fica a conhecer o comboio em várias cidades do mundo para recuar depois aos primórdios do caminho-de-ferro em Portugal.
Essa "introdução" dá a conhecer o vasto mundo por detrás da circulação ferroviária, desde a segurança, a sinalização, os serviços sociais criados pela empresa (como os sanatórios e as creches), as escolas de aprendizes, as obras de arte (pontes, túneis).
Visto esse edifício, e depois de atravessadas as linhas, circuito que se faz acompanhado e em espaços de tempo determinados, vem a "redonda" e as antigas oficinas do vapor com as máquinas e carruagens que fazem as delícias dos "entusiastas" dos caminhos-de-ferro.
Parada numa das linhas, uma carruagem/auditório está destinada às associações de "entusiastas" que vão ajudar o museu na programação para públicos "mais especializados", disse Maria José Teixeira, apontando ainda as parcerias com outros países, através das embaixadas em Portugal e de museus congéneres.
Uma grande aposta na divulgação vai ser feita no Reino Unido, em Espanha e na Alemanha, adiantou.
Encontrando-se no espaço da estação ferroviária do Entroncamento, a chegada ao museu por comboio vai ser incentivada, estando a ser preparada com a CP a disponibilização de bilhetes com direito de acesso ao complexo, disse.
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Lusa/fim