
O Equador declarou este sábado o estado de emergência em sete das suas 24 províncias, bem como na capital Quito e nas prisões, para responder ao aumento da violência relacionada com o tráfico de droga.
O estado de emergência foi decretado na véspera da segunda volta das eleições presidenciais, num país onde é cometido um homicídio por hora, segundo dados oficiais.
O estado de emergência estará em vigor por 60 dias em Quito, nas prisões do país e nas províncias de Guayas - cuja capital Guayaquil é uma das cidades mais afetadas pela violência - Los Ríos, Manabí, Santa Elena e El Oro, na costa do Pacífico.
São igualmente abrangidas as províncias amazónicas de Orellana e Sucumbíos, bem como a cidade mineira de Camilo Ponce Enríquez.
Recolher noturno em vários municípios
A medida suspende os direitos à inviolabilidade do domicílio e da correspondência, a liberdade de reunião e impõe um recolher obrigatório noturno em vários municípios. Também permite a intervenção do exército nas vias públicas.
O Presidente do país, Daniel Noboa, no poder desde novembro de 2023, impôs o estado de emergência em resposta ao "aumento da violência, da prática de crimes e da intensidade da perpetração de atos ilegais por grupos armados organizados", de acordo com o decreto.
Situado entre a Colômbia e o Peru, o Equador viu a taxa de homicídios aumentar de seis por 100.000 habitantes em 2018 para 38 em 2024, após um recorde de 47 em 2023.
Início de 2025, o mais sangrento desde que há registos
O Equador registou a maior taxa de mortes violentas da América Latina no ano passado, de acordo com o grupo especializado Insight Crime. O início de 2025 foi o mais sangrento desde que há registos, com mais de 1.500 homicídios registados em janeiro e fevereiro.
"O governo está a enfrentar um nível de violência de tal intensidade que ultrapassou os limites de controlo" das forças de segurança, refere ainda o decreto, acrescentando que 120 pessoas foram mortas entre 7 de março e 8 de abril.
Na sexta-feira, o Equador restringiu a entrada de estrangeiros nas suas fronteiras terrestres com a Colômbia e o Peru, os maiores produtores de cocaína do mundo, para garantir a segurança da segunda volta das eleições presidenciais.
Em janeiro de 2024, Daniel Noboa declarou o estado de emergência durante os 90 dias permitidos por lei para fazer face ao que designou por "conflito armado interno" desencadeado pelos bandos. Desde então, o estado de emergência tem sido reintroduzido ocasionalmente em algumas províncias.
A segunda volta das eleições presidenciais de domingo opõe Daniel Noboa à candidata de esquerda Luisa González.
Com LUSA