O Chega enviou, esta tarde, ao primeiro-ministro dez questões a que quer que Luís Montenegro responda com urgência. Em causa está aempresa de imobiliário da qual o chefe de Governo foi sócio e os alegados eventuais conflitos de interesses, perante a nova lei dos solos.

Nas dez perguntas dirigidas pelo Chega a Luís Montenegro, o partido pretende conhecer os clientes e o volume de negócios da empresa e saber quem, quanto recebe e o que fazem os que nela trabalham - perguntando mesmo quem faz agora o trabalho que Montenegro antes fazia, além de qual o tipo de consultoria prestada.

O Chega quer também saber se existiu algum negócio entre a empresa e autarquias lideradas pelo PSD, como as de Espinho e Vagos, e se houve algum negócio com o Banco de Fomento ou com empresas cujas atividades dependam de concessões.

Finalmente, o partido de Ventura questiona quem são os fornecedores da empresa, os motivos para as elevadas margens operacionais da mesma e se houve influência política na angariação de clientes.

Na missiva, o Chega insiste que Montenegro “deve explicações à Nação”, em nome da “transparência e confiança nas instituições políticas”. O partido diz querer garantir que “não há conflitos de interesses nem privilégios de contactos”

“A opacidade que envolve várias questões nesta empresa SPINUMVIVA facilita a desconfiança por parte dos cidadãos em geral e da opinião pública”, sustenta o Chega.

Chega admite comissão de inquérito

As perguntas do Chega ao primeiro-ministro chegam depois de o partido ter, na última semana, apresentado, na Assembleia da República, uma moção de censura ao Governo, que acabou chumbada.

André Ventura já admitiu avançar com uma comissão parlamentar de inquérito, se o primeiro-ministro não responder às questões.

Luís Montenegro criou, em 2021, a empresa de consultoria Spinumviva, com negócios no ramo do imobiliário. O agora primeiro-ministro deixou de ser sócio da mesma em 2022, quando se tornou líder do PSD, transmitindo as quotas à mulher e aos filhos. A mesma ganhou atenção pública após a alteração à lei dos solos, aprovada pelo Governo, que favorece a construção imobiliária.