
O antigo secretário-geral do Partido Socialista (PS) na Madeira, João Pedro Vieira, recorreu hoje às redes sociais para manifestar a sua "solidariedade pessoal" para com Miguel Silva Gouveia, mas também "tristeza política, espanto partidário", evidenciando ainda "a ignorância atrevida alheia"
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"Perante a decisão do Miguel Silva Gouveia de não se recandidatar à presidência da Câmara Municipal do Funchal, tudo o que me sobra constatar é: solidariedade pessoal, total e inequívoca, com a sua decisão e os fundamentos que apresentou", começou por referir o também ex-vereador do executivo funchalense.
Tive a sorte de, sobretudo ao longo dos últimos cinco anos, partilhar um caminho comum, muitas vezes invisível, com o Miguel, que reforçou a minha convicção de que é um quadro político imprescindível para quem quiser fazer a diferença na Madeira - porque é, sobretudo e antes de mais nada, um quadro humano e profissional de excelência
João Pedro Vieira reiterou igualmente a sua "tristeza pelos funchalenses", que "perdem assim a possibilidade de regressarem a um caminho de progresso que só é possível ser sonhado por quem ama o Funchal e executado por quem o conhece como à palma da sua mão". "Se há pessoa assim, essa pessoa é mesmo o Miguel", vincou.
Numa outra nota, o socialista mostrou-se espantado com a "ausência de qualquer reação de quem o lidera [o PS] a nível regional e concelhio".
Espanto, mas não surpresa, pela confirmação óbvia de que o PS está entregue a figuras menores, incapazes de compreenderem o que hoje representam: nada, nada, nada, absolutamente nada, a não ser a decadência completa de um projecto político e partidário que empurraram para terceiro lugar no Funchal e na Madeira nas últimas regionais, à boleia da sua própria eleição para o conforto parlamentar João Pedro Vieira
O antigo dirigente partidário considera, nesta linha, que o PS actual não há "uma única ideia de futuro que dê um qualquer horizonte de esperança aos militantes socialistas".
"E não, isto não é o PS a ser PS; isto é a continuação do fim do PS na Madeira - decisão após decisão, eleição após eleição", reforçou, criticando "a ignorância atrevida de quem, nunca tendo sido candidato a coisa nenhuma em nome próprio, beneficiários directos dos luxos de lugares europeus, nacionais e regionais garantidos antes sequer da luta começar, se achou no direito de atirar pedras a quem tanto fez, quase sempre em nome pessoal e sacrifício próprio".
"Este PS, como está hoje, não tem futuro", vaticinou.
Licenciado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores pelo Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa e pós-graduado em Gestão de Empresas, Miguel Silva Gouveia entrou na vida política activa em 2013, integrando o executivo camarário liderado por Paulo Cafôfo. Desde então, desempenhou funções como vereador, vice-presidente e, em 2019, assumiu a presidência da autarquia, na sequência da saída de Cafôfo, cargo que ocupou até 2021, ano em que perdeu as eleições para o candidato da Coligação Funchal Sempre à Frente (PSD/CDS-PP), Pedro Calado.
Esta sexta-feira, anunciou uma 'pausa' na vida política ao final de 12 anos de serviço público, invocando factores pessoais, políticos e institucionais.
Miguel Silva Gouveia fez ainda uma análise crítica à situação actual do Partido Socialista na Madeira, considerando que o partido perdeu o espaço de alternativa política no Funchal e na Região. “Não me revejo nas actuais lideranças regionais e defendo que, após a pesada derrota nas últimas eleições, seria necessária uma renovação política que ainda não aconteceu”, disse.