Os EUA irão aplicar taxas aduaneiras sobre os produtos importados do Canadá, México e China, decretou este sábado, 1 de fevereiro, o presidente dos EUA, Donald Trump. Sobre os produtos mexicanos e canadianos incidirão taxas de 25%, ao passo que, sobre as importações chinesas, está previsto o pagamento de uma taxa de 10%.
As importações de energia do Canadá, por sua vez, terão uma taxa especial de 10%. Segundo o Financial Times, 60% das importações norte-americanas de petróleo são provenientes do Canadá.
O jornal britânico avança que os decretos preveem a possibilidade de, se algum destes países retaliar com taxas sobre produtos americanos, a resposta poder ser taxas ainda mais altas.
Para aprovar estas medidas, Trump recorreu a uma prerrogativa dos presidentes norte-americanos que lhes permite proceder a alterações, por decreto, em matérias de comércio internacional, e em situações de emergência, sem ser necessária aprovação prévia do órgão legislativo dos EUA, o Congresso.
Na sexta-feira, a administração do recém-empossado presidente dos EUA anunciou que iria impor taxas aduaneiras de 25% aos produtos importados do Canadá e do México. Aos bens chineses seria aplicada uma taxa de 10%. Contrariando as previsões dos analistas, que só esperavam as taxas aduaneiras de Trump em abril, o decreto que pode ter dado o tiro de partida a uma guerra comercial acabaria por ser assinado logo no primeiro dia de fevereiro.
A União Europeia, declaradamente no rol de futuros alvos para as taxas de Trump, salvou-se, por ora, da política comercial da nova administração americana.
“As taxas irão tornar-nos muito ricos e muito fortes", disse Donald Trump aos jornalistas na sexta-feira, citado pelo Financial Times.
Numa publicação na rede social Truth Social, o presidente dos EUA justificou, este sábado, a medida com “a grande ameaça da imigração ilegal e das drogas mortíferas que matam os nossos cidadãos, incluindo o fentanilo”, um opiáceo altamente viciante responsável por uma grave crise de saúde pública nos EUA.
O Canadá não exclui retaliar. Citado pela Bloomberg, o ministro canadiano dos Recursos Naturais, Jonathan Wilkinson, disse em entrevista na sexta-feira que uma eventual resposta “irá focar-se em taxas aduaneiras sobre bens norte-americanos que são vendidos em grande quantidade no Canadá, e em particular sobre bens para os quais há alternativas facilmente disponíveis".
E "nenhuma opção está fora de questão", como aplicar "taxas sobre a exportação de energia e materiais críticos", disse.
O Canadá e os EUA são altamente interdependentes a nível energético, assinala a Bloomberg, sendo o Canadá o país que mais vende energia aos EUA. O que significa que, se forem de facto aplicadas taxas sobre estes produtos, o custo de vida deverá aumentar para os consumidores norte-americanos, expostos a preços mais altos de petróleo e de gás. Mais inflação é, assim, uma possibilidade; e a Reserva Federal, banco central dos Estados Unidos, decidiu, à cautela, não proceder a novo corte nas taxas diretoras na semana passada.
Notícia atualizada às 22h50 com detalhes sobre decreto presidencial relativo às taxas aduaneiras