"Do lado do inimigo houve baixas sim. Não posso neste momento falar de números [concretos], mas dos que foram contabilizados até este momento, são cerca de 33 corpos identificados do inimigo", disse Cristóvão Chume, em Mocímboa da Praia, citado pela Televisão de Moçambique.
Segundo o comandante, não houve baixas nas tropas conjuntas moçambicanas e ruandesas, referindo que o número de insurgentes mortos pode ser maior.
"Do nosso lado não temos nem sequer um soldado que tenha tido um arranhão", destacou Cristóvão Chume.
O Ministério da Defesa de Moçambique anunciou, no domingo, a reconquista da vila sede de Mocímboa da Praia, considerada por muitos a "base" dos grupos insurgentes que têm protagonizado ataques armados em Cabo Delgado desde 2017.
"Quando nós fomos tomando essas posições que serviam de 'zonas tampão' para chegar a Mocímboa da Praia, o inimigo percebeu que não tinha outra alternativa senão sair daqui. [O inimigo] ofereceu pequena resistência porque se ele quisesse continuar a combater teria havido uma eliminação total", frisou Cristóvão Chume.
A operação foi conduzida por uma força conjunta que integra militares de Moçambique e do Ruanda, país africano que tem, desde o início de julho, cerca de mil militares e polícias em Cabo Delgado para apoiar Moçambique na luta contra os grupos armados.
Na quinta-feira, a partir de Kigali, o porta-voz do Exército do Ruanda, Ronald Rwivanga, fez um balanço positivo da presença das tropas ruandesas na província de Cabo Delgado, estimando que estas tenham provocado pelo menos 70 baixas entre os insurgentes.
A vila costeira de Mocímboa da Praia, uma das principais do norte da província de Cabo Delgado, foi a região em que os grupos armados protagonizaram o seu primeiro ataque em outubro de 2017.
Mocímboa da Praia está situada a 70 quilómetros a sul da área de construção do projeto de exploração de gás natural conduzido por várias petrolíferas internacionais e liderado pela Total.
A vila tinha sido invadida e ocupada por rebeldes em 23 de março do ano passado, numa ação depois reivindicada pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico, e foi, em 27 e 28 de junho daquele ano, palco de longos confrontos entre as forças governamentais e os grupos insurgentes, o que levou à fuga de parte considerável da população.
Além do Ruanda, Moçambique tem agora apoio da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), num mandato de uma "força conjunta em estado de alerta" aprovado em 23 de junho, numa cimeira extraordinária da organização em Maputo que debateu a violência armada naquela província, havendo militares de alguns países-membros já no terreno.
Não é publicamente conhecido o número total de militares que a organização vai enviar a Moçambique, mas peritos da SADC, que estiveram em Cabo Delgado, já tinham avançado em abril que a missão deve ser composta por cerca de três mil soldados.
Grupos armados aterrorizam a província de Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
Na sequência dos ataques, há mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas.
LYN (EYAC) // LFS
Lusa/Fim