
Na Tchuto e mais dois outros oficiais superiores das Forças Armadas guineenses não compareceram hoje na sala das audiências do Tribunal Militar Regional de Bissau, no quartel da Base Aérea, nos arredores da capital guineense, onde 14 arguidos na tentativa de golpe foram condenados a penas de prisão efetiva.
Três dos arguidos foram condenados a pena de 29 anos, oito outros a pena de 24 anos e três a pena de 12 anos. Todos os condenados receberam ainda como pena acessória a expulsão das Forças Armadas guineenses.
A promotoria da justiça militar acusa Bubo Na Tchuto de ser o cabecilha da tentativa de golpe, mas o seu julgamento será feito à parte.
O advogado Marcelino Intupe explicou hoje aos jornalistas que Na Tchuto ainda não foi julgado devido à falta de quórum no Tribunal Militar Superior, o competente para o julgar por ser um oficial general das Forças Armadas.
"O caso de Bubo Na Tchuto é um caso especial. Ele não foi julgado neste tribunal porque é um tribunal de hierarquia inferior. É um tribunal regional. O Bubo Na Tchuto tem estatuto especial [...] deve ser julgado no Tribunal Superior Militar", declarou Intupe.
O advogado explicou que um dos juízes que compunham o coletivo que iria julgar Na Tchuto foi transferido do tribunal para o Estado-Maior General das Forças Armadas, deixando aquela instância sem quórum.
"Naturalmente que o processo de Bubo Na Tchuto está com muita dificuldade", sublinhou o advogado.
Marcelino Intupe explicou, por outro lado, que o general Júlio Nhaté, ex-chefe do corpo dos Comandos, um dos que ainda não foram julgados, viu o seu processo arquivado por decisão do Tribunal Militar Superior, mas ainda continua detido.
No dia 01 de fevereiro de 2022, homens armados irromperam na sala do Conselho de Ministros, no palácio do Governo, e dispararam sobre os presentes, entre eles o chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló.
O Governo alegou tratar-se de uma tentativa de golpe de Estado. Na altura, morreram 11 pessoas e cerca de 50 foram detidas.
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