"Ontem [sábado], soldados do exército israelita bloquearam um movimento logístico crucial da UNIFIL perto de Meiss el-Jabal, impedindo-o de passar. Este movimento crucial não pôde ser realizado", denunciou a força de manutenção de paz em comunicado.
A denúncia da UNIFIL surge no mesmo dia em que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, pediu ao secretário-geral da ONU, António Guterres, que retire imediatamente os capacetes azuis da fronteira sul do Líbano, onde Israel e o movimento Hezbollah estão em guerra aberta.
Esta força de manutenção de paz foi criada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas em março de 1978, ficando mandatada para confirmar a retirada das forças israelitas do sul do Líbano, restaurar a paz e a segurança e a ajudar o Governo libanês a recuperar a sua autoridade.
Em agosto de 2006, na sequência do fim do conflito entre os dois países que decorreu nesse ano, o Conselho de Segurança adotou uma nova resolução, a 1701, que decidiu alargar o contingente militar da UNIFIL no sul do Líbano e reforçar o seu mandato.
No comunicado hoje divulgado, a força de manutenção de paz salienta que, pela quarta vez em dois dias, teve de lembrar ao exército israelita as "suas obrigações de garantir a segurança do pessoal e da propriedade da ONU e de respeitar a inviolabilidade das instalações da ONU em todos os momentos".
A UNIFIL adianta que hoje os seus militares que estavam numa posição da ONU em Ramyah observaram três pelotões de soldados israelitas a "cruzar a linha azul em direção ao Líbano".
Além disso, dois tanques Merkava israelitas "destruíram o portão principal" e entraram à força numa posição onde se encontravam soldados da UNIFIL, tendo saído cerca de 45 minutos depois, adianta o comunicado.
"Violar e entrar numa posição da ONU é uma violação flagrante adicional do direito internacional e da resolução 1701 do Conselho de Segurança. Qualquer ataque deliberado a soldados de manutenção de paz é uma violação grave do direito internacional humanitário e da resolução 1701", avisou ainda a UNFIL, ao adiantar que solicitou ao exército israelita uma "explicação sobre essas violações chocantes".
Há três semanas que Israel realiza uma intensa campanha de bombardeamentos contra o sul e leste do Líbano, bem como contra Beirute, que causou a morte da maior parte das mais de 2.200 pessoas que perderam a vida no Líbano desde outubro de 2023.
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