As duas caixas pretas - uma que armazena informações como a condição dos motores, sistemas da aeronave e posição dos controlos de comando e outra que regista o áudio da cabine - foram recuperadas e deverão ajudar a compreender o que causou a queda do avião que levou à morte de 61 pessoas esta sexta-feira na cidade de Vinhedo, no estado brasileiro de São Paulo.
As condições climáticas estão entre as hipóteses mais fortes para explicar a queda do avião em Vinhedo, segundo o jornal “estado de São Paulo”.
A investigação, contudo, pode levar semanas ou até meses para ser concluída, tendo já sido iniciada pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).
As imagens da queda do avião, registadas por vários dos habitantes nas proximidades do acidente, mostram a aeronave caindo num giro vertical, o que está a ser considerado como o principal indicativo de que o acidente terá ocorrido devido a uma perda de sustentação da aeronave, o que poderá estar associado à formação de gelo nas asas do avião, explica este sábado o jornal “Estado de São Paulo”. No entanto, apenas uma investigação será capaz de esclarecer o que aconteceu realmente.
Segundo os especialistas citados pelo jornal brasileiro, o modelo ATR-72 está vocacionado para voar a um nível intermediário de altura, “o que facilita a formação de gelo, sobretudo quando há frentes frias”, condição climática que afetava aquela região no momento do acidente.
O especialista ouvido pelo jornal esclarece que “os aviões têm um sistema para fazer um degelo quando há condições adversas, mas em alguns casos a formação é tão grande que o sistema pode não dar conta”. E representantes da companhia aérea Voepass já afirmaram que o sistema “anti-ice”, responsável por remover o acúmulo de gelo das aeronaves, estava a funcionar normalmente.
Em conferência de imprensa, o Brigadeiro Marcelo Moreno, chefe do Cenipa, afirmou que não houve comunicação de emergência aos órgãos de controlo de que haveria uma emergência durante o voo. Sublinhou ainda, segundo os órgãos de comunicação brasileiros, que “todas as informações meteorológicas estavam disponíveis para prevenir o acidente”.
Identificação divulgada
As vítimas da queda do ATR 72-500 da companhia aérea Voepass, antes denominada Passaredo, já foram identificadas. Foram 57 passageiros e quatro tripulantes.
Para apoiar a investigação das causas do acidente, o Executivo brasileiro montou um gabinete de crise na localidade de Vinhedo e deslocou o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, para, em conjunto com o governador do estado de São Paulo, apoiar as pessoas atingidas pela queda do avião.
O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, decretou três dias de luto oficial na sequência do acidente do avião, que fazia a rota entre a cidade de Cascavel, no estado do Paraná, e o aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. O Presidente e o primeiro-ministro de Portugal já enviaram mensagens oficiais de condolências ao chefe de Estado brasileiro.