De acordo com informação divulgada hoje por aquele ministério, o Governo, reunido quarta-feira em Conselho de Ministros, "aprovou medidas específicas de prevenção e contenção da pandemia de covid-19, aplicáveis ao período festivo de Carnaval e à Quarta-feira de Cinzas, que se avizinham, em todo o território nacional".

"Entende o Governo que o período que se aproxima exige a adoção de medidas específicas, fundamentadas pelo imperativo de fazer prevalecer o princípio da precaução em saúde pública, razão pela qual foi decidido que excecionalmente não será decretada a tradicional tolerância de ponto nesta época", acrescenta o Ministério da Administração Interna.

Em 2020, como em anos anteriores, o Governo concedeu à função pública do país um dia e meio de tolerância de ponto para o Carnaval e primeiro dia da Quaresma, 25 e 26 de fevereiro, respetivamente, decisão justificada pelo "enraizamento" daquelas datas na cultura cabo-verdiana.

Cabo Verde não vai realizar qualquer evento de Carnaval em 2021 devido à pandemia de covid-19, decisão que o Governo pretende articular com os principais representantes do setor, anunciou em 29 de janeiro o ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, questionado então pela agência Lusa.

"O gabinete de crise vai-se reunir, não vai haver Carnaval. Eu creio que já há um entendimento tácito por parte dos organizadores, mas vamos organizar um encontro com os principais 'players' do Carnaval em Cabo Verde para passar essa determinação e essa diretiva do Governo: Não há condições para a realização de carnavais", afirmou o ministro da Cultura e das Indústrias Criativas.

Afirmou que num momento de pandemia, "não há condições" para a realização de eventos com aglomerados, como seria o caso, tratando-se da maior festa popular em Cabo Verde.

"O Carnaval é um evento popular, não faz sentido sequer que as entidades públicas promovam atividades virtuais, no sentido de transmitir 'online'. Quem quer lembrar o Carnaval, virtual, pode ir ao Youtube, pode ir aos arquivos", frisou.

Devido ao forte aumento de casos de covid-19, o Governo cabo-verdiano colocou até 15 de fevereiro (véspera do dia de Carnaval) a ilha de São Vicente - habitualmente palco dos principais desfiles carnavalescos de Cabo Verde - em situação de calamidade (o nível mais grave na lei que estabelece as bases da Proteção Civil), e todas as restantes em contingência (segundo de três níveis).

Dezenas de grupos e centenas de foliões desfilaram no Carnaval de 2020 em Cabo Verde, edição que foi então marcada pelo centenário em São Vicente, o mais emblemático do país, que habitualmente leva milhares de forasteiros à ilha, atraídos pelo típico sambódromo.

Outro Carnaval emblemático acontece anualmente na cidade da Ribeira Brava, ilha de São Nicolau, tal como na Praia, pela dimensão da capital cabo-verdiana.

O Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, apelou, entretanto, à disponibilidade de todos "contra a propagação" da pandemia de covid-19, numa altura em que o número de casos no arquipélago está em máximos desde novembro.

"Nada, mesmo nada, pode distrair-nos do primordial: o combate à covid-19", escreveu o chefe de Estado, numa mensagem na rede social Facebook.

Nos dias 15 e 27 de janeiro as autoridades cabo-verdianas voltaram a diagnosticar mais de 100 casos de covid-19 por dia, algo que já não acontecia desde 25 de novembro. Contudo, também surge numa altura em que aumentam os testes diários, que por duas vezes já ultrapassaram os mil por dia em janeiro.

O concelho da Praia voltou nos últimos dias a ser o principal foco da doença em Cabo Verde, tendo atualmente 280 casos de covid-19 ativos, seguido da ilha de São Vicente, com 222.

Desde 19 de março, quando foi registado o primeiro caso no país, as autoridades cabo-verdianas já identificaram 14.214 casos positivos em todos os 22 concelhos do país, permanecendo 673 casos ativos em todo arquipélago.

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