O Parlamento alemão chumbou, esta segunda-feira, a moção de confiança ao chanceler Olaf Scholz, uma rejeição que abre caminho à queda do Governo, consequente dissolução parlamentar e eleições antecipadas, que se vão realizar a 23 de fevereiro de 2025.

A moção de confiança, que tinha sido levada ao Bundestag (Parlamento alemão) na passada quarta-feira, foi votada pouco depois das 16.00 (hora local, 15:00 em Portugal continental), tendo como resultado 207 votos a favor, 394 votos contra e 116 abstenções. Scholz precisava do voto de pelo menos 367 deputados para que fosse aprovada a moção de confiança.

Olaf Scholz
Olaf Scholz Liesa Johannssen

O ainda chanceler vai agora dirigir-se ao Palácio de Bellevue para propor ao Presidente que o Bundestag seja dissolvido. Frank-Walter Steinmeier tem 21 dias para o fazer e para convocar formalmente eleições, que deverão acontecer num prazo de 60 dias.

Frank-Walter Steinmeier
Frank-Walter Steinmeier Andrew Harnik

Os alemães deverão ir novamente às urnas a 23 de fevereiro, mais de meio ano antes do previsto, uma data com a qual a maioria dos partidos já concordou.

A crise política na Alemanha agigantou-se após a demissão do ministro das Finanças, Christian Lindner (do Partido Liberal, FDP), que precipitou o fim da coligação governamental no poder na Alemanha.

Chanceler alemão Olaf Scholz (à esquerda) e ministro das Finanças Christian Lindner (à direita)
Chanceler alemão Olaf Scholz (à esquerda) e ministro das Finanças Christian Lindner (à direita) Markus Schreiber / AP

Inicialmente, o chanceler alemão, o social-democrata Olaf Scholz, pretendia convocar uma moção de confiança para 15 de janeiro, o que levaria a Alemanha a votos no final de março, apenas seis meses antes do previsto, mas, depois da pressão de outros partidos e da opinião pública, mostrou mais flexibilidade.

Antes da votação, o ainda chanceler abriu a sessão no Bundestag com um discurso de meia hora no qual pediu um "voto de confiança a todos os eleitores". Aproveitou ainda para partilhar algumas das prioridades do programa eleitoral, como a intenção de aumentar o salário mínimo horário para 15 euros.

"Isto beneficiará cerca de sete milhões de mulheres e homens que trabalham todos os dias por pouco dinheiro. O desempenho de todos os trabalhadores de topo conta e não apenas dos dez mil melhores", revelou.

Lisi Niesner

Scholz defendeu ainda a sua posição relativamente à Ucrânia, adiantando que quer continuar a ser o maior apoiante de Kiev, mas voltou a garantir que não irá enviar soldados alemães para o terreno.

Olaf Scholz volta a ser o candidato escolhido pelo SPD para as próximas eleições antecipadas. Também são conhecidos os candidatos dos Verdes, Robert Habeck; da União Democrata-cristã (CDU), Friedrich Merz; e do partido de extrema-direita, Alternativa para a Alemanha (AfD), Alice Weidel.

Com Lusa