O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, confirma que há um navio com bandeira portuguesa a transportar material explosivo, para ser usado por fabricantes de armamento israelitas.

A informação é avançada pelo ministro numa entrevista ao jornal Público e à rádio Renascença.

Paulo Rangel esclarece que o material será descarregado no Montenegro e Eslovénia e, depois, a carga será reencaminhada para Israel, Polónia e Eslováquia por outros meios.

Este barco não se dirige a Israel, dirige- se a dois portos no Adriático , um na Eslovénia e outro no Montenegro. Quando eu falei , o que sabíamos é que transportava material explosivo , que, no fundo , é o material que seria utilizado pelos compradores desse material para os fins próprios das suas firmas e das suas empresas . Entretanto , continuámos a receber novas informações e ficou estabelecido que o material se destina a três países , um deles Israel.”

O ministro explica que o “barco terminará o seu frete no mar Adriático e depois o material segue por outros barcos ou via terra” para os destinos finais: metade da carga será entregue a empresas que fabricam armas em Israel e a outra metade a fabricantes dos dois países da NATO.

Rangel garante ainda que, apesar da entrega, estão proibições em vigor de acordo com as lei internacionais. Ou seja, fora da equação está o fabrico de armas de destruição maciça.

Ainda assim, esclarece que o Governo está a analisar a situação e em contacto com as autoridades competentes: “Isto é uma questão jurídica muito complexa, não é uma questão simples. Não há nenhuma razão jurídica efetiva à data para retirar o pavilhão. Pode haver razões de índole política, com certeza.”

As garantias são dadas após o Bloco de Esquerda questionar o Governo sobre o navio, que tinha sido impedido de entrar nos portos da Namíbia. O partido chegou mesmo a entregar uma queixa à Procuradoria-Geral da República, alertando que, no futuro, Portugal pode vir a ser acusado de cumplicidade de genocídio em Gaza.

Olivença? “É um ponto que não está na agenda bilateral entre Portugal e Espanha”

Na mesma entrevista, Rangel fala sobre a questão de Olivença ser portuguesa ou espanhola, garantindo que o debate sobre a soberania da cidade não está em cima da mesa entre os dois países.

“A posição do Governo português é a posição de sempre. Não mudou. É a posição que todos os Governos t iveram e, portanto, nós vamos mantê-la.

O esclarecimento surge depois do ministro da Defesa, Nuno Melo, ter dito que, por tratado, Espanha deveria entregar Olivença ao Estado português.

Este discurso firme não é um discurso populista”

"A firmeza não é populismo", é a resposta do ministro dos Negócios Estrangeiros depois de Luís Montenegro ter prometido perseguir os incendiários. Paulo Rangel esclarece que é preciso investigar interesses particulares.

“Este discurso firme não é um discurso populista. É um discurso que é um discurso correto e adequado, pelo menos do ponto de vista daquele que é o programa do Governo. Nesta questão da perseguição criminal, estamos a falar da mesma coisa. O que nós não podemos ficar é parados .”

O Governo anunciou querer que a investigação aos incêndios florestais seja alargada aos potenciais “autores morais” do fogo posto.