O governo da Gronelândia pediu que os seus cidadãos se mantivessem calmos e serenos, depois de uma semana em que o território ártico viu-se no meio de uma disputa geopolítica entre os Estados Unidos e a Dinamarca, ao qual pertence.

Num comunicado partilhado nas redes sociais, Múte Egede, o primeiro-ministro da Gronelândia, pediu que os gronelandeses "colocassem de lado as suas diferenças e se juntassem", depois de Donald Trump ter passado os últimos dias a tornar a compra do território numa das suas prioridades e de ter até sugerido que não deixava de lado o uso da força militar.

"A Gronelândia está ansiosa para trabalhar com a próxima administração dos EUA e com outros aliados da NATO para garantir a segurança e a estabilidade do Ártico", afirmou Egede. O líder do território também anotou que não está preocupado com as palavras de Trump, ao assinalar que a Gronelândia tem "um papel decisivo e importante nos interesses nacionais" dos norte-americanos, tanto que até tem uma base dos EUA.

Os recursos naturais da Gronelândia, em particular os materiais usados para baterias e o petróleo, interessam a Trump há vários anos e não é a primeira vez que o futuro Presidente sugere a compra da região. A Gronelândia fica mais próxima do continente americano que da Dinamarca, ao qual pertence desde o século XX - apesar de ser um território autónomo, a Gronelândia continua a depender da Dinamarca em matérias de segurança interna e de relações internacionais.

No comunicado mais recente, Múte Egede fez questão de vincar a autodeterminação da Gronelândia e que continuará a cooperar com a Dinamarca, especialmente numa altura em que se aproxima eleições na região, em abril. "Apesar de gostarmos de demostrar as diferenças entre partidos, gostaria de apelar a que nos aproximemos pelo nosso país e pelo nosso futuro, e que não entremos em pânico por causa da situação que surgiu", acrescentou o primeiro-ministro, num artigo no jornal Sermitsiaq.