"Não temos capacidade na infraestrutura para aumentar o número de comboios em circulação", avançou o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, numa declaração aos jornalistas sobre os comboios na AML, com a presença do presidente da CP, Nuno Freitas, e do vice-presidente da Infraestruturas de Portugal (IP) Carlos Fernandes.
Desde o início do desconfinamento devido à pandemia da covid-19, em 04 de maio, que a CP "tem 100% da oferta disponível" na AML, reforçou o governante, referindo que "não há mais comboios para acrescentar, estão todos a circular e, depois, há limitações de capacidade da infraestrutura que só poderá ser alterada quando se fizerem investimentos de fundo, nomeadamente na Linha de Sintra".
Neste âmbito, a CP e a IP estão a estudar a possibilidade de, com alterações de horários, "reforçar marginalmente a capacidade" dos comboios na AML, trabalho ao qual não se consegue ter ainda uma perceção do resultado.
"Porque qualquer alteração de horários vai implicar alteração de horários em todo o país, por isso, teremos de fazer esse trabalho que durará alguns meses, mas não quero criar grandes expectativas, porque os ganhos, se forem possíveis, ainda não sabemos se são, serão sempre marginais", ressalvou Pedro Nuno Santos, explicando que a intervenção prioritária é na Linha de Sintra, onde se regista maior procura nas horas de ponta.
Segundo o ministro das Infraestruturas, o estudo vai demorar "cerca de três meses", prevendo-se que esteja concluído em setembro, "mas apenas para saber o que é possível fazer em termos de reforço da capacidade, com a alteração de horários".
As decisões serão posteriores, porque "os horários da linha de Sintra têm de ser compatibilizados com os horários dos comboios que vão para o Algarve, dos comboios que vêm da Linha do Norte para a Linha de Cintura, com os comboios da Fertagus, com os comboios de transporte de mercadorias, portanto todos os horários acabaram por ser afetados", explicou o governante que tutela a CP.
"É um trabalho que demora algum tempo e sem certezas de que no fim signifique que possamos aumentar a capacidade", declarou Pedro Nuno Santos.
Questionado sobre a sensibilização dos passageiros para evitarem horas de maior procura, o ministro recusou essa ideia, defendendo que "as pessoas dependem do comboio para chegar ao local de trabalho" e "não há grandes alternativas" a esse meio de transporte.
"Não temos alternativas fortes ao comboio", reforçou o titular da pasta das Infraestruturas, considerando que a oferta de autocarros não consegue competir com os comboios, porque "um comboio transporta na sua máxima carga 2.000 pessoas na Linha de Sintra", enquanto um autocarro leva 50 pessoas.
"Um comboio de Sintra a Entrecampos demora cerca de 40 minutos. Um autocarro, como sabem, não podendo ir pela linha de caminho de ferro, tem mesmo de entrar pelo IC17", advertiu o governante, frisando que se tratam de dois meios de transporte "completamente diferentes".
Apesar de o autocarro não ser alternativa, em termos de capacidade de transporte e de rapidez, "se os privados que gerem frotas de autocarros puderem aumentar a sua frota, isso marginalmente, obviamente ajudará à mobilidade", apontou Pedro Nuno Santos.
Sobre o ajuste de horários dos trabalhadores, inclusive nos serviços e nas empresas do Estado, para evitar a procura concentrada nas horas de ponta, o ministro reconheceu que ajudaria a espalhar a procura por mais horários nos transportes públicos, adiantando que "é todo um trabalho que, provavelmente, o país e os grandes centros urbanos e a sociedade portuguesa terão um dia de discutir".
"Provavelmente, é uma das formas mais eficazes de conseguirmos diminuir a pressão sobre as horas de ponta", sustentou o governante.
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Lusa/fim