![Governo enaltece Aga Khan IV como](https://homepagept.web.sapo.io/assets/img/blank.png)
Paulo Rangel falava aos jornalistas à entrada do Centro Ismaili, em Lisboa, onde decorre hoje a cerimónia fúnebre do príncipe Karim al Hussaini (Aga Khan IV), 49.º imã hereditário dos muçulmanos ismaelitas, que morreu na terça-feira.
"O príncipe Aga Khan IV foi sem dúvida um grande ator na paz, no diálogo inter-religioso e na ajuda ao desenvolvimento, na ajuda humanitária de tantas regiões do globo onde há profundas dificuldades, às vezes até de sobrevivência, portanto essa sua compaixão, essa sua dedicação à causa da humanidade tem de ser, obviamente, sublinhada", declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros, prestando homenagem e condolências em representação do Governo português.
Entre as várias personalidades a marcarem presença na cerimónia fúnebre estão o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, e o rei emérito Juan Carlos I de Espanha.
O ministro dos Negócios Estrangeiros realçou ainda o trabalho do príncipe Aga Khan IV em Portugal, em particular a escolha de Lisboa para ser a sede mundial da comunidade ismaelita, a "Imamat Ismaili".
"Foi de facto um privilégio único para o Estado português, para os cidadãos portugueses, uma grande homenagem também ao nosso espírito universalista e de tolerância religiosa e, portanto, obviamente, que isto tem um significado para o Estado português, que é verdadeiramente transcendente e, por isso, hoje a homenagem através do senhor Presidente da República, e de todo o Governo", afirmou Paulo Rangel.
Referindo que ao longo dos próximos dias "haverá ainda outros momentos importantes" relativos à morte do príncipe Karim al Hussaini, com a comunidade ismaelita em Lisboa, o governante disse que a cerimónia de hoje é para expressar os votos de pesar e "a esperança que ele semeou pelo mundo e, com certeza, o príncipe Aga Khan V vai honrar, porque também é já um grande conhecido de Portugal e dos portugueses, com uma ação muito, muito forte, cada vez mais visível ao longo dos anos".
"Estas sementes que foram espalhadas pelo mundo vão, com certeza, fortificar", perspetivou.
O governante sublinhou ainda o legado de filantropia do príncipe Aga Khan IV, "de mensagem de paz para o mundo, especialmente de cooperação inter-religiosa".
"É admirável esse legado que o Aga Khan IV deixa no convívio entre as religiões, no apoio a todas as populações, independentemente da sua religião, da sua nacionalidade, da sua raça", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, considerando que essa mensagem "universalista e humanista" esteve em todo o seu magistério, que foi longo e que produziu "resultados que são visíveis na vida concreta de muitas dezenas e centenas de milhares de pessoas no mundo, muitas delas que não têm a fé ismaelita".
Paulo Rangel indicou ainda que os registos do Ministério dos Negócios Estrangeiros são de "um diálogo intensíssimo" entre o príncipe Aga Khan, a comunidade ismaelita e o Estado português, referindo que é um parceiro "incomparável".
O príncipe Aga Khan IV, que morreu na terça-feira aos 88 anos, terá uma cerimónia de acordo com as tradições ismaelitas, como a dos demais crentes, simples e centrada em orações que são, em grande parte, recitações de versículos do Corão.
O 49.º imã hereditário dos muçulmanos ismaelitas, nasceu em 13 de dezembro de 1936 na Suíça, cresceu e estudou no Quénia e nos Estados Unidos, e tem ligações ao Canadá, Irão e França, além de Portugal.
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Lusa/fim