"Com a autorização da vacinação voluntária no final de setembro de 2024, a adesão foi significativa. Até ao momento, foram financiados todos os pedidos efetuados até 31 de dezembro e que correspondem a 385.050 doses de vacina, num montante total de 982.318,62 euros", adiantou o Ministério da Agricultura, numa nota enviada à Lusa.
A execução financeira da subvenção atribuída está em 97,6%.
Para financiar a vacinação, o Governo alocou um milhão de euros, no ano passado, às organizações de produtores.
No total, os custos da aquisição da vacina contra o serotipo três da língua azul foram pagos a 34 organizações.
O apoio chegou a 14 distritos de Portugal continental (onde foram registados casos da doença), destacando-se, com o maior número de doses financiadas, Portalegre, Évora, Beja e Castelo Branco.
Citado na mesma nota, o ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, afirmou que a execução de quase um milhão de euros demonstra que o valor transferido para as organizações de produtores era ajustado.
"Este montante tem como destino todos os produtores que vacinaram os seus animais. Agradeço o trabalho competente das OPSA [Organizações de Produtores para a Sanidade Animal]", acrescentou.
Em dezembro de 2024, o parlamento aprovou um projeto de resolução do PS para uma campanha de vacinação contra a doença da língua azul.
A iniciativa, aprovada com os votos a favor do PS, BE, PCP, Livre e PAN, a abstenção do Chega e o voto contra do PSD, IL e CDS-PP, recomenda ainda ao Governo que avance com medidas de apoio financeiro aos agricultores para fazer face aos prejuízos causados pela doença.
No mesmo mês, foi detetado o serotipo oito do vírus da língua azul em bovinos no distrito de Portalegre.
Portugal continental foi afetado pelos serotipos três e quatro do vírus da língua azul desde outubro. Os Açores e a Madeira estão livres desta doença.
A vacinação dos ovinos reprodutores adultos e dos jovens destinados à reprodução, bem como dos bovinos, é obrigatória contra os serotipos um e quatro do vírus da língua azul.
Contra os serotipos três e oito é permitida a vacinação dos bovinos e ovinos do continente.
Mediante uma autorização prévia da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), é ainda possível vacinar, a título excecional, com vacinas inativadas contra serotipos da língua azul, não presentes em Portugal.
A vacinação obrigatória é fornecida pela DGAV às OPSA.
O Governo vai ainda lançar um plano de desinsetização a partir de março, com uma duração de oito meses, para combater a doença, transmitida por mosquitos.
A febre catarral ovina ou língua azul é uma doença viral, de notificação obrigatória, que afeta os ruminantes e não é transmissível a humanos.
Em Portugal estavam a circular três serotipos de língua azul, nomeadamente o BTV-4, que surgiu, pela primeira vez em 2004 e foi novamente detetado em 2013 e 2023, o BTV-1, identificado em 2007, com surtos até 2021, e o BTV-3, detetado, pela primeira vez, em 13 de setembro.
No que diz respeito ao serotipo três, os últimos dados, reportados ao final de outubro, indicam que foram contabilizadas 41 explorações de bovinos afetadas e 102 animais, sem mortalidade.
No caso dos ovinos, somam-se 238 explorações, 11.934 animais afetados e 1.775 mortos.
PE (LT/ALN) // CSJ
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