De acordo com a organização não-governamental, "entre julho e setembro de 2024, 50 hectares de novas áreas de garimpo foram abertos na Terra Indígena Yanomami. Isso representa um aumento de 32% em relação ao mesmo período de 2023, confirmando que as operações de 'desintrusão' [retirada] realizadas pelo Governo brasileiro não foram suficientes para conter a exploração ilegal".

O Greenpeace relatou ainda que mesmo com ações pontuais, como a destruição de máquinas usadas para mineração e de acampamentos, novas frentes de mineração ilegal surgem, especialmente no sul do território, sobrepondo-se ao Parque Nacional do Pico da Neblina.

Dados divulgados pelo Governo brasileiro na última segunda-feira, indicam que foram realizadas no ano passado 3.536 operações de segurança no território Yanomami que teriam imposto um prejuízo de 267 milhões de reais (43,3 milhões de euros) às redes criminosas que atuam com mineração ilegal naquela área.

As ações teriam, de acordo com a mesma fonte, consolidado uma redução de 95,76% na abertura de novas áreas para mineração ilegal, que caíram de 1.002 hectares explorados em 2022 para 42 hectares em 2024.

Citando dados do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazónia (Censipam), o Governo brasileiro informou que a mineração ilegal ativa no território Yanomami diminuiu de 4.570 hectares, em março, para 313,6 hectares, em dezembro.

O Greenpeace alertou, no entanto, que lideranças indígenas, como a Hutukara Associação Yanomami, registaram várias denúncias sobre o retorno gradual de mineradores às áreas previamente desocupadas pelas forças de segurança do Governo brasileiro.

A organização que luta globalmente em defesa do meio ambiente também avaliou que dois anos após o início da crise no território Yanomami e prestes a acolher o maior encontro anual sobre clima, a COP 30, "o Brasil precisa decidir se continuará assistindo à destruição de um de seus maiores patrimónios culturais e naturais ou assumirá a responsabilidade de proteger aqueles que cuidam da maior floresta tropical do planeta".

"Medidas importantes foram tomadas desde o início do atual Governo, mas para cumprir plenamente a promessa de campanha de acabar com a mineração ilegal em terras indígenas, é preciso de mais: 'desintrusão' permanente, fortalecimento das políticas públicas de saúde, proteção dos territórios e valorização do conhecimento indígena", concluiu o Greenpeace.

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