Milhares de alunos estão esta sexta-feira sem aulas devido a mais uma greve que encerrou escolas em todo o país. Foi convocada pelo S.T.O.P.e abrange todos os profissionais da educação, incluindo professores, assistentes e técnicos.

Na escola secundária Gago Coutinho, no concelho de Vila Franca de Xira, mais de 1500 alunos ficaram sem aulas. Quem faz greve diz que para em nome da segurança de quem aqui estuda. Alertam que os assistentes operacionais estão, há muito, em número insuficiente.

“A câmara, o poder central tem de olhar para o número que esta escola tem e que é insuficiente. Se estamos a limpar uma sala, que em 10 minutos às vezes temos de limpar dez salas, não podemos estar a olhar pelos meninos. Uma vez tivemos uma menina com uma depressão, que se mandou do primeiro andar. Por acaso não aconteceu nada, mas se acontecer de quem é a culpa…”, diz Ivone Braga, funcionária da escola.

Os profissionais da educação pedem um aumento imediato de 120 euros e exigem uma carreira digna para os assistentes operacionais. O coordenador do S.T.O.P. também esteve na rua. André Pestana afirma que a adesão à greve foi transversal.

“São muitas escolas de norte a sul do país que estão encerradas e muitas, também, a meio gás. O importante aqui é ver que que facto perante este apelo, esta mobilização, de para lançarmos, em particular, o dia do operacional de educação, que é um setor da educação profundamente esquecido e que é essencial no trabalho das escolas está a haver uma grande adesão a esta greve porque, de facto, as pessoas não podem continuar desvalorizadas”, explica André Pestana, coordenador do S.T.O.P.

Em frente a esta secundária, há uma outra escola que acolhe alunos do quinto ao nono ano. As portas também não abriram e quem lá trabalha juntou-se à contestação dos vizinhos.

“Nós vivemos a contar tostões todos os dias para conseguir pagar as contas e em qualquer serviço quando as pessoas têm antiguidade há reconhecimento, mas aqui não há nenhum. Aqui tanto ganha uma pessoa com 20 anos de carreira, como uma pessoa que só tem um dia de serviço”, diz Ana Cristina Teles, funcionária da escola

Fechadas ou a funcionar a meio gás, escolas por todo o país foram afetadas

No Norte, em Guimarães, uma escola com 800 alunos não fechou portas mas funcionou apenas com quatro assistentes operacionais.

“Com 4 operacionais não conseguimos estar em todo o lado. Já não conseguimos com 18 estar em todo o lado, vigiar todos os recreios, poder garantir o máximo de segurança aos alunos… como é que com quatro assistentes operacionais conseguimos dar apoio a todos os serviços que a escola solicita”, questiona Mónica Duarte, assistente operacional.

Os diretores escolares pedem, mais uma vez, uma mudança na lei.

“Por um lado a tutela dos assistentes operacionais, que é a Câmara Municipal, cumprem com aquilo que está legislado, cumprem com a portaria do rácio e a portaria dos rácios está desatualizada em mais de três anos, tem que ser revista. Nós temos cada vez mais alunos com necessidades especiais, temos mais alunos filhos de emigrantes e precisamos de fazer a integração e são estes funcionários que também apoiam estas crianças”, diz Filinto Lima, presidente da associação nacional de diretores de agrupamentos.

Esta é a sexta greve na Educação desde setembro. O S.T.O.P. exige mais investimento para a escola pública. O sindicato acredita que o Orçamento do Estado para o próximo ano pode representar a mudança que todos os que hoje pararam tanto pedem.