Em comunicado divulgado na terça-feira, as Nações Unidas explicaram que Gomes tem 35 anos de experiência em resposta a crises, gestão de conflitos e manutenção da paz.
"O seu último cargo foi no exército do seu país, onde desempenhou as funções de Vice-Chefe do Comando de Logística do Exército. Antes disso, foi adido militar do Brasil nos Estados Unidos", observou a ONU.
Horas antes, Guterres falou com o Presidente do Ruanda, Paul Kagame, a quem pediu para retirar as suas tropas da vizinha RDCongo e cessar o apoio que presta aos rebeldes do Movimento 23 de Março (M23).
Guterres falou igualmente com o Presidente da RDCongo, Felix Tshisekedi.
Os apelos de Guterres surgem numa altura de tensão acrescida no nordeste da RDCongo, especialmente na cidade de Goma, que tem dois milhões de habitantes, metade dos quais são refugiados.
"Obviamente, o secretário-geral discutiu [com Kagame] a situação na RDCongo e foi muito claro, tanto em público como em privado, sobre a necessidade de o Ruanda cessar o seu apoio ao M23 e retirar-se da RDCongo", disse o porta-voz de Guterres, Stephane Dujarric, numa conferência de imprensa.
A instabilidade no leste da RDCongo "dura há décadas. Não vai ser resolvida em 24 horas, mas o que é claro é que não vai ser resolvida por operações militares [levadas a cabo] por diferentes governos e diferentes milícias", afirmou.
As forças do M23 controlam o aeroporto e os combates estão a decorrer na cidade e nos seus arredores.
Há relatos de que invadiram a prisão da cidade e libertaram os reclusos, enquanto as armas não controladas grassam na cidade, disse Dujarric.
A missão de manutenção da paz da ONU (Monusco) foi forçada a acantonar-se nas suas bases, salientou Dujarric.
O ex-líder da Momusco, o também brasileiro Santos Cruz, defendeu uma ação rápida do Conselho de Segurança da ONU para repelir os rebeldes.
"O Conselho de Segurança deve agir com sanções e uso da força para retirar os rebeldes [o Movimento 23 de Março (M23)] do território alheio [cidade de Goma, no leste da RDCongo] e penalizar quem está a patrocinar a violência", disse o general em entrevista à ONU News publicada na terça-feira.
O Conselho de Segurança da ONU deverá debater ainda hoje a situação na RDCongo, numa reunião de emergência convocada para o efeito.
Na terça-feira, manifestantes atacaram a embaixada do Ruanda na capital congolesa, Kinshasa, assim como as representações diplomáticas de França, Bélgica, Estados Unidos, Uganda e Quénia, países criticados pela inacção nesta crise.
Uma mediação entre a RDCongo e o Ruanda sob a égide da vizinha Angola falhou em dezembro devido à falta de consenso sobre as condições de um acordo.
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